Choro e pedido de desculpas: entenda acusação de xenofobia contra Bobadilla

O meio-campista paraguaio Damián Bobadilla, do São Paulo, foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por injúria racial com motivação xenofóbica, após um incidente durante a partida da Copa Libertadores contra o Talleres, da Argentina, em 27 de maio de 2025, no Morumbis.

O caso gerou repercussão e investigações tanto na esfera judicial brasileira quanto na Conmebol.

Durante o jogo, Miguel Navarro, jogador venezuelano do Talleres, de 26 anos, foi visto chorando e discutindo após o segundo gol do São Paulo. Ao final da partida, Navarro revelou que Bobadilla o teria chamado de “venezuelano morto de fome“.

“Venezuelano morto de fome”: jogador do Talleres chora e cobra justiça

O atleta expressou sua frustração, afirmando que quis sair do jogo, mas não havia mais substituições, e que “a justiça deve ser feita, isso não pode continuar acontecendo”. O técnico do Talleres, Mariano Levisman, também confirmou que o jogador foi vítima de xenofobia, e o capitão Augusto Schott chegou a falar em racismo. Navarro ainda se manifestou nas redes sociais, afirmando que iria “às últimas consequências diante do ato de xenofobia”.

Investigação policial e depoimento

A Polícia Civil de São Paulo, por meio da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), iniciou a investigação, qualificando o caso como injúria racial. O delegado Rodrigo Correa informou que a polícia esteve no Morumbis após a partida.

Inicialmente, Bobadilla e o São Paulo não procuraram a polícia, e o delegado chegou a acreditar que o jogador teria saído rapidamente do estádio para evitar uma prisão em flagrante.

Bobadilla pediu o adiamento de seu depoimento, citando compromissos com a seleção paraguaia e com o São Paulo. Ele prestou depoimento em 11 de junho. Em sua versão, Bobadilla negou ter dito “venezuelano morto de fome”, mas confirmou ter usado a expressão “venezuelano de merd*”.

O atleta são-paulino alegou que Navarro começou a discussão chamando-o de “boludo” (idiota) e que foi ofendido por outros jogadores do Talleres. Bobadilla afirmou ter ligado para Navarro, e que ambos se desculparam mutuamente pelas ofensas trocadas.

Segundo ele, o choro de Navarro teria sido por emoção devido à derrota na partida. No entanto, Navarro, dois jogadores do Talleres e o árbitro da partida já haviam sido ouvidos pela polícia, e suas versões corroboram a acusação de Navarro. O delegado Correa afirmou que, em seu entendimento, Bobadilla é de fato o autor do crime.

Relembre: Bobadilla é indiciado por injúria racial por xenofobia contra Navarro

Consequências legais e esportivas

O delito é considerado grave e inafiançável. No Brasil, a injúria racial por procedência nacional (Lei nº 7.716/89, Art. 2º-A) prevê pena de reclusão de dois a cinco anos e multa. Se cometido em atividades esportivas, há o acréscimo de proibição de frequência a locais esportivos por três anos. O inquérito policial está em fase final e será encaminhado ao Poder Judiciário.

Caso Bobadilla: o que acontece com atleta após indiciamento por xenofobia

Paralelamente, a Conmebol abriu uma investigação. O Código de Artigo Disciplinar da Conmebol estabelece que um jogador que insulte a dignidade humana com base na origem pode ser suspenso por, no mínimo, dez partidas ou quatro meses.

Em caso de reincidência, a pena pode ser a proibição de exercer atividades relacionadas ao futebol por cinco anos. A Conmebol já aplicou uma suspensão de quatro meses por xenofobia em um caso similar em 2025.

Caso Bobadilla: o que dizem leis e o manual da Conmebol sobre xenofobia

O São Paulo, em nota oficial, reiterou seu “compromisso com os princípios de respeito, igualdade e inclusão” e “repudia veementemente qualquer manifestação de discriminação, preconceito ou intolerância”. O clube afirmou estar acompanhando a apuração dos fatos e oferecendo suporte institucional e medidas educativas ao atleta, destacando que Bobadilla não possuía histórico de conduta disciplinar negativa.

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