A presidência brasileira da COP30 e a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgaram os detalhes do Balanço Ético Global (BEG) — uma iniciativa que pretende incluir a ética e a escuta ativa como pilares das discussões climáticas internacionais. O objetivo é ampliar o alcance do debate sobre a crise climática e fortalecer o caráter humano e moral das decisões a serem tomadas em Belém (PA), em novembro deste ano.
Diante da emergência climática em curso, a proposta do BEG é ir além dos dados técnicos e metas numéricas. A iniciativa aposta na escuta de experiências de vida e saberes diversos para repensar os fundamentos morais das ações climáticas globais.
Diálogos regionais
O Balanço Ético será estruturado em seis Diálogos Regionais, realizados entre junho e setembro de 2025, com a participação de lideranças indígenas, religiosas, empresariais, políticas, científicas, jovens e comunidades locais. Os encontros ocorrerão na Europa, América do Norte, América Latina e Caribe, África, Ásia e Oceania, com até 30 participantes em cada sessão.
O ciclo começa no dia 24 de junho, em Londres, e seguirá por cidades como Bogotá, Nova Déli, Ilhas Fiji e Nova York. O encontro africano será realizado durante a Semana do Clima no continente, com local ainda a ser confirmado.
Liderança e estrutura
O BEG é um dos quatro “Círculos da Presidência da COP30”, ao lado dos círculos de Ministros das Finanças, dos Povos e dos Presidentes (formado por ex-líderes da COP). O objetivo dos círculos é articular diferentes setores da sociedade no processo preparatório da conferência.
A governança do Balanço Ético é compartilhada entre a ONU, o governo brasileiro e a presidência da COP30, com liderança direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do secretário-geral António Guterres e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Também participam como coorganizadores regionais nomes como Mary Robinson (Europa), Karenna Gore (América do Norte) e Wanjira Mathai (África). Os representantes das demais regiões ainda serão anunciados.
Participação cidadã e entrega final
Além dos encontros principais, o BEG prevê a realização de diálogos, de forma coletiva, em comunidades ou com instituições que poderão organizar seus próprios eventos usando a metodologia oficial. As contribuições poderão ser incorporadas ao relatório final e apresentadas durante a COP30, em uma exposição imersiva no Pavilhão da Zona Azul.
Como resultado, o projeto entregará seis relatórios regionais e uma síntese global, que serão encaminhados a chefes de Estado e negociadores como insumos éticos para subsidiar decisões políticas. A iniciativa também prevê a produção de conteúdos artísticos e expressivos — como vídeos, poesias, ensaios e obras visuais — que serão exibidos durante o evento.
Com o BEG, o Brasil e a ONU pretendem marcar a COP30 como um momento de virada, capaz de combinar ciência, ética e justiça social em uma resposta climática global mais sensível, plural e inclusiva.