A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que viajou para os Estados Unidos (EUA) mesmo estando condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), enfrenta diversos processos na Justiça.
Com episódios que envolvem desde o uso de arma em via pública até a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli também teve a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e é alvo de um novo inquérito por suspeita de obstrução de Justiça.
Relembre os casos que a parlamentar está envolvida:
Ameaça com arma
Logo após ser reeleita como segunda deputada mais votada de São Paulo, em 2022, Zambelli foi flagrada perseguindo um homem com uma arma no Jardins, bairro da zona central da cidade.
Um mês antes do acontecido, em setembro de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia proibido o transporte de armas por colecionadores, atiradores e caçadores no dia das eleições, assim como nas 24 horas que antecedem e nas 24 horas seguintes ao dia de votação. O caso ocorreu na véspera do segundo turno.
No mesmo dia, a parlamentar afirmou, em entrevista a jornalistas, que teria “ignorado conscientemente” a resolução do TSE.
O caso foi levado ao STF, que formou maioria pela condenação da deputada por porte ilegal de armas e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
No entanto, o julgamento foi paralisado após o ministro Nunes Marques pedir vista do caso. O processo só acaba quando todos os ministros votarem, porque há a possibilidade de um magistrado pedir destaque e levar o caso ao plenário físico, onde todos os votos zeram e o placar recomeça.
Invasão ao sistema do CNJ
Em maio, a Primeira Turma do STF condenou a deputada, por unanimidade, a 10 anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos em 2023.
Os ministros também condenaram o hacker Walter Delgatti a oito anos de prisão pelo mesmo motivo. Os dois respondem pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
Zambelli e Delgatti, ainda deviam pagar juntos, uma indenização de R$ 2 milhões.
Além da prisão, o STF também determinou a perda do mandato da deputada, a ser executada após o trânsito em julgado da ação, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso.
Prisão preventiva
Na última quarta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli. A ordem atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A decisão se deve pelas alegações da parlamentar, que afirmou ter viajado para os EUA e teria planos de ir para a Itália.
Além da prisão, Moraes também solicitou que a Polícia Federal (PF) tome os procedimentos necessários para a inclusão do nome da deputada na lista da Interpol.
O ministro ainda determinou o bloqueio do passaporte e de verbas que seriam pagas pela Câmara dos Deputados e o bloqueio das redes sociais da deputada, como Instagram, TikTok e Facebook, logo após Zambelli anunciar que “transferiu” seus perfis nas redes sociais para a mãe e lançá-la à política, sob o argumento de que há um “cenário de perseguição”.
Obstrução de justiça
O processo mais recente envolve a abertura de um novo inquérito contra Zambelli, que tem o objetivo de investigar a deputada pelos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
Na decisão, Moraes solicita que a PF ouça a parlamentar em até 10 dias, por escrito, já que no momento, ela não está no Brasil.
O magistrado determina ainda que o Banco Central informe, detalhadamente, os valores e os remetentes de PIX recebidos por Zambelli nos últimos 30 dias.
*Sob supervisão de Mayara da Paz