Nos meses de junho e julho, pipocam pelo Brasil as celebrações de festas juninas e ninguém quer ficar de fora. Entretanto, quem sofre de refluxo acaba tendo dificuldade para encontrar opções de comidas típicas que não agravem os sintomas porque os alimentos mais populares do festejo são ricos em açúcar e gordura.
E não é uma população pequena. Segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), cerca de 25 milhões de brasileiros adultos convivem com a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e para eles, essa temporada pode trazer riscos.
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O que é o refluxo?
- O refluxo ocorre quando a válvula entre o esôfago e o estômago, o esfíncter esofágico inferior, não se fecha corretamente, permitindo o retorno do conteúdo gástrico.
- A condição é multifatorial, incluindo até componentes genéticos. Entre os principais fatores estão obesidade, tabagismo, consumo de álcool, cafeína e refeições volumosas ou muito próximas da hora de dormir.
- Os sintomas mais comuns são queimação (azia), gosto amargo na boca, dor abdominal alta e dificuldade para engolir.
- Em casos mais graves, o refluxo pode causar tosse crônica, rouquidão, inflamação da garganta, desgaste dos dentes e até aumentar o risco de câncer gástrico.
- O tratamento inclui mudanças no estilo de vida e medicamentos. Antiácidos também são usados e, em casos severos, pode ser indicada cirurgia para correção da válvula esofágica.
As receitas típicas, embora saborosas, incluem ingredientes que podem facilitar o retorno do ácido estomacal ao esôfago. Esse processo, comum em quem sofre da doença, provoca sintomas como queimação, azia e desconforto abdominal.
A temperatura dos alimentos, especialmente os muito quentes, também pode piorar os sintomas e exigir maior cautela durante as comemorações.
Pensando nisso, o gastrocirurgião Eduardo Grecco, endoscopista e professor de medicina da Faculdade do ABC, elaborou uma lista dos alimentos mais consumidos durante os festejos juninos e que podem cair como verdadeiras bombas para quem tem refluxo.
Os 5 alimentos mais perigosos da festa junina
- Canjica: o açúcar e as gorduras usadas (como creme de leite e leite condensado) podem relaxar o esôfago inferior e retardar o esvaziamento gástrico, aumentando os sintomas.
- Quentão: bebida quente e açucarada, pode estimular a produção de ácido estomacal.
- Pé de moleque: o doce de amendoim é rico em gorduras e açúcar. A combinação contribui para o aumento da pressão no estômago e da produção de ácido.
- Pipoca: quando preparada com excesso de gordura, pode irritar o estômago e dificultar a digestão. Para quem tem refluxo, o ideal é preparar versões com menos óleo.
- Bolo de milho: o milho, por si só, não é o problema. O cuidado deve ser com o açúcar, a gordura e o leite presentes na receita, que favorecem o refluxo.
“Não devemos considerar o refluxo um problema menor”, alerta o gastrocirurgião. “O retorno do ácido do estômago para o tubo alimentar pode causar irritações na mucosa, estreitamento do esôfago, pneumonia e lesões que podem evoluir para o câncer de esôfago”, aponta Grecco.
Hora e quantidade também influenciam
Além dos ingredientes, o horário da refeição é decisivo. As festas costumam acontecer à noite, e refeições pesadas antes de dormir são especialmente prejudiciais para quem tem refluxo. Deitar após comer aumenta a chance do ácido subir para o esôfago.
A nutricionista Aline Quissak, de Curitiba, reforça o papel da alimentação no controle do refluxo. “Nós somos o que comemos. Controlar a dieta pode melhorar ou piorar os sintomas”, afirma. Ela recomenda evitar sempre alimentos industrializados, café, chocolate, bebidas alcoólicas e laticínios integrais para não prejudicar o processo digestivo.
Para o período junino, Aline recomenda as que as pessoas com refluxo sigam as orientações tradicionais para evitar contratempos. “Comer devagar e sem exageros, pegando leve nas frituras e bebidas alcoólicas e evitando deitar logo após as refeições ajuda muito. É preciso fazer as refeições em horários regulares para controlar a acidez estomacal e fazer a boa mastigação dos alimentos. Essas pequenas mudanças já reduzem os sintomas”, conclui Quissak.
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Fonte: Metrópoles