Logo no primeiro capítulo de Guerreiros do Sol, nova produção do Globoplay, uma sequência com Rosa (Isadora Cruz) provoca impacto e reforça a proposta ousada da trama. Após dançar forró com Josué (Thomás Aquino), a personagem acorda e protagoniza uma cena de masturbação deitada em uma rede.
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A cena, exibida com delicadeza poética, foge de qualquer apelo vulgar. No entanto, os gemidos chamam a atenção de sua irmã, Otília (Alice Carvalho), que bate à porta:
“Rosa, tá passando mal, é?”, pergunta. “Pera aí, menina, agoniada”, responde Rosa, visivelmente incomodada com a interrupção.
A novela, escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, propõe um novo olhar sobre o cangaço, centrado na complexidade emocional dos personagens. Inspirada nas figuras históricas de Lampião e Maria Bonita, a obra não pretende contar uma biografia tradicional. A trama mergulha nos dilemas do sertão nordestino dos anos 1920, explorando a sexualidade com liberdade e autenticidade.
Segundo os autores, o streaming abriu espaço para que temas considerados tabus ganhassem mais profundidade. A proposta, portanto, inclui discussões sobre prazer, liberdade e desejo sem recorrer a estereótipos. Para Moura:
“A novela no streaming permite ir mais fundo no sexo e na violência. E contamos essa história um pouco como a vida é. Se existia sexo, por que não teria também na dramaturgia?”
Masturbação feminina já foi abordada antes nas novelas
Embora o assunto ainda cause controvérsia, cenas de masturbação feminina não são inéditas na teledramaturgia brasileira. Em 2021, Andréa Beltrão chamou atenção ao protagonizar uma cena semelhante em “Um Lugar ao Sol”, de Licia Manzo. Sua personagem, Rebeca, frustrada sexualmente no casamento, buscava prazer sozinha, num momento que gerou ampla repercussão nas redes sociais.
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A abordagem, no entanto, tem raízes mais antigas. Em 1990, “Top Model”, de Antonio Calmon, mostrou o jovem Ringo (Henrique Farias) circulando com revistas para se masturbar, após se apaixonar por uma mulher mais velha.
Ainda antes, em 1980, a novela “Coração Alado”, de Janete Clair, trouxe Catucha (Débora Duarte) fantasiando com Juca (Tarcísio Meira) em uma cena marcante, mesmo sob o rigor da censura da ditadura.
“Guerreiros do Sol”, portanto, se insere em uma tradição ousada da televisão brasileira, mas com uma nova roupagem, que prioriza a subjetividade e a complexidade emocional da mulher nordestina.
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Fonte: OFuxico