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IA em alta: saiba como as eleições de 2026 serão impactadas pela revolução tecnológica

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IA em alta: saiba como as eleições de 2026 serão impactadas pela revolução tecnológica

À medida que as eleições de 2026 se aproximam, o cenário político se prepara para enfrentar uma nova era comandada por Inteligências Artificiais (IA) capazes de criar campanhas hiperpersonalizadas, vídeos sintéticos e manipulação de massa em escala. O alerta vem de especialistas que destacam avanços significativos desde 2022, quando o uso de IA já despontava como ameaça à integridade eleitoral.

Em entrevista ao portal LeoDias, o professor e especialista em tecnologia e inovação, Diogo Cortiz, afirmou que o uso de IA já foi liberado desde as eleições de 2022, mas era limitado ao texto e sem regras claras. Após uma regulação inicial, que exigia identificação clara desses conteúdos, o jogo mudou com o surgimento de ferramentas como o Google VO3, capazes de gerar vídeos ultra sintéticos. “Você tinha as tecnologias de imagem, mas era em menor escala, não era o que todo mundo estava utilizando. E hoje, essas tecnologias estão mais populares. Então, eu vejo que, com certeza, em 2026, as eleições vão ser contadas por conteúdos sintéticos, ou seja, por conteúdos criados por inteligência artificial”, admitiu.

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Diogo Cortiz, professor e especialista em tecnologia e inovaçãoReprodução: Portal LeoDias
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se preparou para divulgar informações sobre fake news espalhadas na campanha de 2024Reprodução: Justiça Eleitoral
Reprodução

O Engenheiro de Sistemas, Eduardo Rocha, pontua a mesma reflexão: as imagens são o que mais impressionam. “Hoje está praticamente impossível a olho nu identificar diferenças. O político terá que ser criativo na sua performance, porque ficar somente em plano de câmera, será um prato cheio para os estelionatários digitais”, opinou ele.

Cortiz destacou ainda que as IAs permitem hoje a comunicação hiperpersonalizada: diferentes narrativas, estilos e formatos são dirigidos a nichos específicos, com baixo custo e rapidez. Porém, o grande desafio será a distribuição, já que algoritmos de redes sociais poderão amplificar esse conteúdo sem distinção entre real e artificial: “Traz uma série de oportunidades, mas, ao mesmo tempo, traz uma série de desafios, pensando nessa governança do processo eleitoral como um todo”.

Ele compara o fenômeno a um “multiverso da loucura”: deepfakes tão convincentes que fogem do controle, capazes de ressuscitar políticos e replicar discursos em massa, como já ocorreu na Índia, criando desinformação em alta resolução. “Consequentemente, aqui no Brasil também, a gente vai por um caminho muito parecido. A primeira coisa é assumir que o ver para crer morreu. Tudo que a gente vê a partir de hoje em telas, a gente já não vai saber se é de fato real. Nesse sentido, temos que questionar tudo”, ponderou.

A solução, conforme Cortiz, passa por marcas d’água digitais e colaboração entre gigantes da tecnologia; mas ninguém parece preparado para orquestrar tal sistema integrado. Para ele, no final das contas, não há um manual para se preparar para a revolução tecnológica que as IAs vão criar nos próximos anos. “O próprio Google tem esse processo de criação de vídeo que é invisível ao olho humano, mas outros algoritmos de IA conseguem identificar que aquele conteúdo foi produzido por uma IA. Só que, de novo, a gente tem que pensar que tem IAs que criam esse conteúdo e vão colocar essas marcas d’água. Mas quem distribui esse conteúdo, como as redes sociais e as grandes plataformas, também vão precisar entrar nesse ecossistema para adotar o mesmo padrão”, analisou.

Para Eduardo Rocha, o mais preocupante em todo o tema é a facilidade para consumir tecnologias de IA; segundo ele, estão ficando cada vez mais “democráticas”: “Sem regulamentação, qualquer pessoa pode pegar essas ferramentas na internet e gerar seus ‘avatares’ digitais, como repórteres, influenciadores, pessoas de autoridade, até políticos. A era dos influenciadores humanos pode ser facilmente substituída por influenciadores digitais gerando uma autoridade baseada em fato. A regulamentação é a única saída”, levantou.

Ele alerta também sobre os robocalls, que são chamadas automatizadas com vozes clonadas, destinadas a confundir ou desencorajar eleitores. Apesar de haver controles, aplicativos sem autorização permitem clonagens ilícitas. Para impedir isso, Rocha apontou que as próprias plataformas precisam identificar e barrar esse tipo de uso.

A solução para o engenheiro de sistemas está na educação midiática: verificar fontes, usar checadores que identifiquem conteúdos gerados por IA e inovar na forma de comunicação pública, criando formatos que dificultem a replicação por trolls digitais. “Sempre checar as fontes, até mesmo nas reportagens ‘verdadeiras’; colocar outras fontes que confirmam aquela notícia, além de criar portais de checagem de IA de fácil acesso”.

O que mudou desde 2022?

Nas eleições de 2022, a IA foi usada em campanhas automatizadas e deepfakes, já sinalizando um problema. Agora, porém, com soluções mais sofisticadas, o risco é muito maior. Vídeos, áudios e fake news hiper-realistas obrigarão candidatos e autoridades a reformular estratégias de combate à desinformação.

O próximo pleito será um laboratório de como as democracias lidarão com um ecossistema informacional híbrido: humano e IA. Dos debates à performance pública, candidatos deverão correr contra o tempo para evitar que deepfakes e mensagens robotizadas façam sombra sobre suas campanhas.


Fonte: Portal LEODIAS

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