Luto no samba paulistano. Na terça-feira, 10 de junho, a escola de samba Águia de Ouro comunicou a morte de seu mestre-sala principal, João Carlos Camargo. A notícia logo se espalhou, gerando grande comoção entre foliões, integrantes e admiradores do Carnaval de São Paulo.
Morte precoce de violonista abala fãs
Considerado um dos maiores nomes do segmento, João Carlos acumulava prêmios e reconhecimento por sua performance impecável na avenida. Seu estilo inconfundível de bailado, aliado principalmente à elegância e precisão, o colocava entre os mais respeitados mestre-sala do país. Por isso, a confirmação da morte surpreendeu e entristeceu o universo carnavalesco.
A agremiação azul e branca, liderada por Sidnei Carriuolo, publicou um tributo comovente em seu perfil no Instagram. “A Águia de Ouro perde hoje um de seus maiores símbolos”, lamentou, primeiramente, acompanhando um vídeo com registros marcantes do mestre-sala no Sambódromo do Anhembi.
No material, João aparece sorrindo, girando e conduzindo a bandeira sobretudo com paixão visível em cada passo.
O impacto foi imediato. Diversos perfis ligados ao samba repostaram a homenagem, enquanto fãs lamentavam a partida repentina. Assim sendo, a hashtag com o nome do mestre-sala passou a circular entre os assuntos mais comentados do dia, tamanha a relevância do artista para o Carnaval paulistano.
Além disso, representantes de outras escolas também se manifestaram, reforçando o respeito que João Carlos conquistou em vida. Seu legado, de acordo com muitos sambistas, seguirá influenciando novas gerações que sonham em brilhar na passarela.
O que aconteceu com o mestre-sala da Águia de Ouro
João Carlos, de 41 anos, recebeu diagnóstico de câncer. Contudo poucos sabiam que ele convivia com a doença. O sambista estava em sua terceira passagem pela azul e branca. Camargo atuou pela escola de 2003 até 2006, depois entre 2010 bem como 2011, retornando em 2016. O guardião, que além de vasta experiência contabiliza principalmente inúmeras premiações, já passou por outras agremiações, como Império de Casa Verde, X-9 Paulistana e Unidos de São Lucas.
Através das redes sociais, a ex-Rainha de Bateria da escola da Pompéia, Vanessa Alves, compartilhou um texto comovente deixado por ele há poucos dias atrás. Dessa forma, muitos encararam como uma carta de despedida.
Leia a íntegra da carta deixada por João Carlos
“Meus amigos, irmãos, parceiros de vida e de samba…
Infelizmente – ou felizmente – ainda não temos a evolução espiritual necessária para entender os desígnios de Deus e da vida.
A alguns anos, meu corpo adoeceu…
E desde então, lutei diariamente contra uma doença silenciosa, cruel e dolorosa.
Escolhi o silêncio como parte do meu processo.
Me reservei. Não quis preocupar.
Essa batalha era também espiritual, íntima, minha.
Peço que não me julguem… apenas me respeitem.
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Foi um caminho difícil, cansativo e, muitas vezes, solitário.
Mas mesmo nos dias mais escuros, eu estive cercado de luz.
De pessoas que foram abrigo, amor, cuidado e paz.
E é a essas pessoas que agradeço do fundo da minha alma:
Minha irmã de alma, minha Rainha Vanessa Alves, que esteve ao meu lado até o meu último suspiro.
Meus amigos-irmãos: Ednei , Ewerton, Renato, Rodrigo, Babi e Adeilton.
Minha amada prima Beatriz que cuidou de mim com tanto amor…
A ela, deixo tudo o que conquistei.
Quero ser lembrado com um sorriso no rosto.
Pelo meu amor pela arte de bailar.
Pela história que construí.
Pelo legado que deixo:
eu lutei até o fim.
Honrei minha escola.
E mesmo à base de morfina, desfilei pela última vez.
E foi o desfile mais inesquecível da minha vida, porque eu sabia que seria o último.
Agradeço à minha comunidade da Pompeia,
À minha parceira de samba Mona e a todas parceiras que tive a honra de conduzir durante a minha trajetória,
E ao meu grande amigo e presidente Sidnei Carrioulo, por todo apoio e confiança.
À equipe da Dra. Larissa,
E a todos da oncologia do Hospital Beneficência Portuguesa,
Vocês, profissionais da enfermagem, fazem a diferença.
Com amor, dedicação e humanidade, transformaram dias de dor em momentos de acolhimento.
Que todos vocês sejam reconhecidos, valorizados e respeitados como merecem.
Obrigada por tanto cuidado.
E por fim… aos meus irmãos e irmãs de samba:
Não deixem nossa tradição morrer.
Honrem nossa ancestralidade.
Honrem a nossa história.
E que nunca falte entre vocês:
amor, alegria e paz.
Com amor eterno,
Eu”.
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Fonte: OFuxico