Um grupo ainda não identificado invadiu as dependências do frigorífico que pertence á empresa Norte Carnes, em Brasiléia, por volta de 4 horas desta madrugada, onde estavam sendo guardadas mais de 200 cabeças de gado apreendidas em terras de posseiros na Reserva Extrativista Chico Mendes. Ao menos 170 bois foram soltos após os invasores cortarem os cadeados dos currais. Eduardo Cesário, um dos sócios da empresa, disse que as câmeras de segurança não captaram a ação dos invasores.
Ao oseringal, há pouco, ele afirmou que havia recebido ordens de um alto servidor do ICMbio, por nome de Guilherme, para guardar e abater o gado proveniente de multas e autuações. “Me disse (ele) que seria uma ordem judicial, mas essa ordem nunca apareceu. Parei de fazer o abate domingo, pois esse situação está me causando problemas”, disse.
Dezenas de animais foram abatidos antes de explodir o conflito entre fiscais e os posseiro, com interdição de rodovias federais e muitas queixas por parte dos produtores rurais. A carne permanece armazenada no frigorífico, e seria comprada pela empresa. O empresário, no entanto, disse que não tem mais interesse no produto, cuja destinação ainda é um mistério. O gado tem aparência anêmica. Água não falto, diz ele, mas a alimentação não é garantida, o que acelera o processo de emagrecimento dos animais.
Apenas 59 cabeças não conseguiram sair do estábulo e permanecem presas.
Mais cedo, a Norte Carnes emitiu nota afirmando que as atividades estão suspensas (veja abaixo).
“Disseram que levariam todo o gado para Rio Branco, mas isso não aconteceu. Ele (ICMbio) garantiu que tudo seria legal e que havia ordem judicial e não tinha como voltar atrás”, afirmou.
O último contato com Guilherme foi feito na manhã desta terça-feira, logo após a misteriosa soltura dos animais.
“Pedi pra irarem tudo daqui. Ele me disse que ia resolver. Estamos aguardando”, finalizou.