Com o lançamento de “Homem com H”, cinebiografia de Ney Matogrosso que chegou nessa terça-feira (17/6) na Netflix, fomos reapresentados a trajetória curta, porém marcante do artista na “Secos e Molhados”, banda que desafiou a ditadura com as letras subversivas e caras pintadas que marcaram uma geração – e até serviram de inspiração para grupos internacionais.
Em homenagem à trajetória dos músicos, o portal LeoDias relembra alguns dos pontos altos e baixos mais emblemáticos da banda desde a formação inicial em Ubatuba a um breve estrelato internacional.
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O começo
A origem da banda não podia ser outra, se não a resistência a opressão: em meados dos anos 60, o português João Ricardo chegava ao Brasil acompanhado do pai, o renomado jornalista João Apolinário, que fugia da ditadura de Salazar.
Da amizade de infância com o estudante de arquitetura Gerson Conrad surgiu a vontade de fazer música. E finalmente, em 1971 nascia o grupo com o nome inusitado inspirado no letreiro de um velho armazém e a primeira composição: “El Rey”.
O encontro decisivo da dupla com Ney Matogrosso, aconteceu só depois de os músicos serem convencidos por Luhli, Heloísa Orosco, a sair de Ubatuba (SP) para conhecer o excêntrico artesão e ator do Rio de Janeiro.
Primeiros Passos
Em janeiro de 1972, João Gerson, Luhli e Ney começaram a trabalhar nas letras do repertório da nova formação da banda. As composições logo viriam a se tornar o primeiro álbum de estúdio, “Secos & Molhados” (1973).
Assim como vemos no filme, a banda realmente driblou a censura com os poemas de autores clássicos de Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira adaptados na voz e violão dos músicos; e assim como a ideia de subir aos palcos com as pinturas faciais veio apenas depois da primeira apresentação do grupo, em São Paulo.
Outros nomes também foram essenciais para o sucesso do grupo – muitos contatos herdados do pai de João. Um deles, por exemplo, foi o empresário Moracy do Val, responsável pela parceria com a gravadora Continental que lançou o álbum de estreia.
A gravadora, porém, confiou ao “Secos & Molhados” uma tiragem inicial de apenas 1,5 mil discos, que se esgotaram em menos de dez dias. Para a surpresa dos empresários, o grupo conseguiu vender 250 mil cópias em dois meses, e um milhão de cópias em menos de um ano.
As letras subversivas do grupo e os movimentos provocantes e sensuais de Ney Matogrosso, logo ganharam fãs ao redor do Brasil. Mesmo na mira dos militares da censura, os músicos ainda assim faziam sucesso. “Os netos dos generais adoravam os Secos & Molhados”, contou Moracy em certa ocasião.
“Vítimas do próprio sucesso”
Em 1974, a banda atingiu seu auge com o segundo álbum de estúdio e expandiu os horizontes para duas apresentações no México – as quais, segundo dizem as más línguas, serviram de inspiração para o futuro grupo de rock “Kiss”, conhecido pelas pinturas e figurinos muito semelhantes aos brasileiros.
A trajetória internacional também inspiraram futuros projetos de canções, desta vez baseadas em poemas de autores latinos e de língua inglesa, e até um filme.
A demissão do empresário, contudo, foi o primeiro degrau na decaída do grupo. Como no longa, o pai de João realmente decidiu assumir o controle do grupo e impôr uma nova divisão dos lucros. Ney e Gerson, ficariam na pior.
Em 11 de agosto daquele ano, o “Fantástico”, que antes já apresentou o grupo a diferentes audiências, ficou responsável por comunicar o fim oficial da banda.
Fonte: Portal LEODIAS