Tarifa de 50% dos EUA sobre aço entra em vigor e Brasil também é afetado

As tarifas de 50% sobre produtos de aço e alumínio importados pelos Estados Unidos entraram em vigor à 1h01 desta quarta-feira (4) — 0h01 pelo horário de Washington —, conforme decreto assinado pelo presidente Donald Trump na véspera.

A medida dobra as tarifas de 25% estabelecidas pelo republicado em fevereiro deste ano e tem efeito direto nas exportações brasileiras, que ocupam o segundo lugar na venda de aço ao mercado norte-americano.

As tarifas de 50% ao aço importado — em exceção ao Reino Unido após a assinatura de um acordo comercial — foram anunciadas por Trump no sábado (31).

“É uma grande honra para mim aumentar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%, a partir de quarta-feira. Nossas indústrias de aço e alumínio estão se recuperando como nunca. Esta será mais uma GRANDE notícia para nossos maravilhosos trabalhadores do setor. FAÇAM A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!”, escreveu o presidente na sua rede social.

Trump defendeu que a medida “protegerá ainda mais a indústria siderúrgica nos Estados Unidos” e sinalizou que “ninguém vai conseguir contornar” a tarifa.

Brasil é o 2º fornecedor de aço aos EUA

O Brasil nunca teve uma participação de mercado tão grande mercado de aço e ferro nos Estados Unidos. Em 2024, americanos compraram US$ 4,677 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões) em produtos brasileiros do conjunto de “Aço e Ferro”. Com o valor, o Brasil foi o segundo maior fornecedor aos EUA.

Em 2024, o Brasil foi o vendedor de 14,9% de todo o grupo que inclui aço e ferro como matéria-prima. Nunca o Brasil teve uma participação tão grande naquele mercado.

No chamado “código 72” do sistema harmonizado de mercadorias estão os produtos semimanufaturados de ferro ou aço, além do ferro fundido bruto. Esses itens respondem por boa parte das exportações siderúrgicas aos EUA.

O Brasil ficou atrás apenas do Canadá, que respondeu por 24,2% daquele mercado. Depois do Brasil, estão México (10,1%), Coreia do Sul (5,9%) e Alemanha (4,6%).

O Brasil é relevante para os EUA como fornecedor de aço e ferro — com cerca de um quinto do mercado, mas os americanos são ainda mais importantes para os brasileiros.

Dados do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, mostram que os EUA foram destino de 47,9% das exportações do grupo de aço e ferro em 2024. Nenhum outro cliente é tão essencial para as siderúrgicas brasileiras como os americanos.

O segundo maior comprador do Brasil é a China, mas a fatia é bem menor: 10,7% dos embarques de aço e ferro.

Mercado de mais de US$ 100 bilhões

As medidas anunciadas por Trump afetam importações anuais que superam os US$ 100 bilhões.

Em 2024, foram US$ 31,3 bilhões em importações de aço e ferro – segmento em que o Brasil é mais afetado, com US$ 4,677 bilhões.

Também foram registrados US$ 49,7 bilhões na compra de partes de aço e ferro. Nesse segmento, a participação do Brasil é mais tímida: 0,6% do total importado pelos EUA com US$ 306 milhões no ano passado.

As tarifas afetam ainda outros US$ 27,4 bilhões em partes de alumínio. Nesse segmento, o Brasil também tem posição mais modesta, com 1% das importações dos EUA ou US$ 272 milhões em 2024.

Governo reforça diálogo

O governo brasileiro, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, em diversas oportunidades reforçou o diálogo como ferramenta para tratar as tarifas impostas por Donald Trump.

Em março, ao comentar sobre as taxas de 25% impostas ao aço do Brasil, Alckmin pontuou que a medida dos EUA era “equivocada”, mas que buscaria negociar com as autoridades norte-americanas.

“Entendemos que o caminho não é olho por olho. Se fizer olho por olho, todo mundo fica cego. O caminho no comércio exterior é ganha-ganha”, afirmou Alckmin.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também sinalizou a necessidade de dialogar, porém, não descartou ações de reciprocidade ou levar o caso para a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Procurado pela CNN, o Mdic afirmou que não iria se manifestar.

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*Com informações de Fernando Nakagawa

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