Tecnologia de sensores pode prever incêndios florestais?

Consequência explícita das mudanças climáticas e do aquecimento global, os incêndios florestais são hoje uma das maiores ameaças à vida no planeta, causando impactos negativos em habitats humanos e ecossistemas.

Em um cenário em que a área total de florestas queimadas aumenta a cada ano, segundo estudos, soluções tradicionais como torres de vigia, processamento de imagens de satélite e câmeras digitais não estão conseguindo conter a devastação.

Nesse contexto, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) está testando uma tecnologia inédita: sensores químicos capazes de detectar os primeiros indícios de fumaça no ar.

A ideia aqui é emitir alertas precoces aos bombeiros no estágio inicial de um possível incêndio florestal ainda em sua fase latente.

Em 2023, uma empresa parceira do DHS, a N5 Sensors, implantou 200 sensores de incêndio florestal em vários locais dos EUA e Canadá. Em entrevista à NewScientist o CEO da empresa, Abhishek Motayed, diz que o dispositivo não busca chamas, mas “impressões digitais do fogo”.

Incêndio e aquecimento global


Incêndio de grande porte em área de desmatamento na Amazônia • Bruno Kelly/Amazônia Real/Flickr

Os incêndios florestais podem funcionar como um feedback para o clima de duas formas principais. Primeiramente, árvores e vegetação queimadas liberam dióxido de carbono que é levado de volta para a atmosfera.

De acordo com o Serviço de Monitoramento das Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, os incêndios florestais em 2023 geraram 2170 megatoneladas de emissões de carbono.

Mas não é apenas o aumento de CO2 que preocupa quando falamos de queima de árvores. É que elas, ao absorver o carbono atmosférico para fazer fotossíntese, são sumidouros do gás por excelência.

Esses sumidouros naturais de carbono têm uma importância crucial no contexto das mudanças climáticas. Florestas, oceanos e solos são fundamentais para a regulação do ciclo do carbono global.

Pesquisa recente do Escritório Meteorológico do Reino Unido afirma que, ao reduzir a capacidade do planeta em armazenar carbono, os incêndios florestais se tornaram uma das ameaças mais sérias ao atingimento das metas do Acordo de Paris.

Por isso, a prevenção desses desastres ambientais se tornou hoje, além de um elemento essencial para proteger vidas e propriedades, também uma prioridade para a mitigação das mudanças climáticas.

É possível prever incêndios florestais?


Chefes de bombeiros e líderes de combate a incêndios florestais recomendam sensores na detecção precoce de incêndios • Western Fire Chiefs Association

O grande diferencial dos sensores de detecção de incêndio é que sua nova geração traz dispositivos químicos capazes de detectar o primeiro sopro de fumaça no ar, enviando uma alerta para os bombeiros antes que as chamas apareçam.

Conforme Motayed, da N5, os sensores produzidos por sua empresa coletam dados sobre concentrações químicas e material particulado, além de temperatura e umidade, entre outros.

Alimentados por energia solar, esses dispositivos de detecção são instalados individualmente em postes de energia e semáforos, com capacidade de monitorar até 400 hectares de terra.

Grupos de sensores podem formar uma rede para integrar um mapa digital em tempo real, das condições do solo em paisagens particularmente vulneráveis.

A rede utiliza então algoritmos de IA para comparar suas medições com as leituras de sensores próximos para determinar se um incêndio começou.

Dá até para identificar a sua causa potencial, se em um churrasco ou dentro da floresta, com base na assinatura química. E, com a ajuda de sensores de vento, o algoritmo pode prever a direção em que o incêndio pode se espalhar.

Primeiros resultados da detecção precoce de incêndios


Os sensores de detecção rápida de incêndios são colocados em postes e semáforos de cidades vulneráveis a incêndios florestais • N5 Sensors

É importante destacar que esse tipo de tecnologia não se destina a grandes áreas selvagens, como a Floresta Amazônica, mas é desenhado para áreas próximas a cidades vulneráveis a incêndios florestais, diz Dan Cotter, do DHS.

Falando à NewScientist, o Diretor Principal do Escritório de Ciência e Engenharia da agência americana diz que a ideia é “capturar as primeiras moléculas ou assinaturas químicas de um incêndio, para que as autoridades possam ser alertadas e possamos fazer a supressão precoce”.

Nesse sentido, o piloto já apresentou alguns resultados positivos. No ano passado, os sensores capturaram um incêndio no Colorado, que reacendeu após a saída dos bombeiros.

Esse tipo de ocorrência, de difícil detecção, pois os profissionais já haviam feito o rescaldo, foi detectado 37 minutos antes de um morador chamar 911. A essa altura, os bombeiros já estavam de volta ao local.

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