Trabalhadores humanitários atenderam pacientes enquanto eles faziam as malas para saírem da cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza, onde moradores afirmaram que o exército israelense ordenou que deixassem uma área de quase 6 quilômetros quadrados no domingo (20), segundo uma ONG da região.
“Fomos forçados a sair de uma de nossas intervenções humanitárias mais importantes, nossa policlínica, que atende centenas de pacientes diariamente com cuidados primários de saúde, reabilitação e apoio à saúde mental. Tínhamos apenas algumas horas para sair, enquanto dezenas de pessoas ainda estavam chegando”, disse Mai Elawawda, assessora de comunicação da MAP (Assistência Médica para Palestinos), à CNN na terça-feira (22).
Funcionários da MAP “simplesmente não conseguiram recusá-los”, disse Elawawda. “Nós os ajudamos enquanto fazíamos as malas.”
Nos dias que antecederam a retirada forçada, a clínica da MAP recebeu pacientes que não comiam há dias, incluindo crianças e gestantes, acrescentou.
Pessoas baleadas enquanto buscavam ajuda também foram tratadas na clínica, relatou Elawawda, observando que a equipe da instituição tratou cerca de 120 pacientes feridos que precisavam de ajuda de mobilização após terem sido feridos enquanto tentavam receber ajuda humanitária.
Entenda o conflito na Faixa de Gaza
Israel realiza intensos ataques na Faixa de Gaza desde outubro de 2023, após o Hamas ter lançado um ataque terrorista contra o país.
Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, o Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 58 mil palestinos foram mortos e mais de 138 mil ficaram feridos. Isso inclui mais de 7.200 mortos desde o fim do cessar-fogo em 18 de março deste ano.
O Ministério não distingue entre civis e combatentes do Hamas em sua contagem, mas afirma que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças. Israel afirma que pelo menos 20 mil são combatentes.
A ONU (Organização das Nações Unidas) informou em 11 de julho deste ano que 798 pessoas foram mortas tentando obter alimentos desde o final de maio, quando a GHF (Fundação Humanitária de Gaza), sediada nos EUA, começou a distribuir alimentos.
Dessas mortes, 615 foram registradas perto de locais da GHF e 183 nas rotas de comboios de ajuda humanitária, principalmente da ONU.
O Escritório Central de Estatísticas da Palestina disse em 10 de julho que a população de Gaza havia caído de 2.226.544 em 2023 para 2.129.724. Estima-se que cerca de 100 mil palestinos tenham deixado Gaza desde o início da guerra.
Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, segundo fontes oficiais israelenses, quase 1.650 israelenses e estrangeiros foram mortos em decorrência do conflito.
Isso inclui 1.200 mortos em 7 de outubro e 446 soldados mortos em Gaza ou ao longo da fronteira com Israel desde o início da operação terrestre em outubro de 2023. Destes, 37 soldados foram mortos e 197 feridos desde o recrudescimento das hostilidades em março. Estima-se que 50 israelenses e estrangeiros permaneçam reféns em Gaza, incluindo 28 reféns que foram declarados mortos e cujos corpos estão sendo retidos.
Desde 18 de março deste ano, as Forças Armadas israelenses emitiram 54 ordens de deslocamento, abrangendo cerca de 81% da Faixa de Gaza.
O PMA (Programa Mundial de Alimentos) da ONU afirmou que isso significou que mais de 700 mil pessoas foram forçadas a se deslocar durante esse período.
Em 9 de julho, 86% da Faixa de Gaza estava dentro de zonas militarizadas israelenses ou sob ordens de deslocamento. Muitas pessoas buscaram refúgio em locais de deslocamento superlotados, abrigos improvisados, prédios e ruas danificados.