Na nova versão de “Vale Tudo”, Heleninha (Paolla Oliveira) enfrenta um drama íntimo com raízes profundas. A personagem, artista plástica, filha da empresária Odete Roitman (Débora Bloch), se define como alcoolista — não alcoólatra, trazendo à tona uma definição pouco falada.
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Na trama, fica evidente o motivo de Heleninha se refugiuar na bebida. O alcoolismo dela se conecta a tragédias que marcaram sua vida de forma definitiva.
Durante uma viagem em família a Angra dos Reis, um momento que deveria simbolizar descanso e união terminou em tragédia. Heleninha, sob efeito de álcool, conduziu um barco em condições perigosas.
O resultado foi devastador. Ela acredita que o irmão, Leonardo, não sobreviveu ao acidente. Desde então, a culpa passou a dominar sua rotina. A dor, ao invés de amenizar, aumentou com o tempo.
Aquele episódio não apenas rompeu laços familiares. Ele também fez com que Heleninha passasse a viver em conflito constante consigo mesma. O arrependimento se misturou ao vício, e a bebida, que deveria aliviar, passou a acentuar suas feridas.
Em fato que reforça o ciclo de autodestruição, Heleninha, já fragilizada e alcoolizada, deixou cair um cigarro aceso dentro da casa dos pais. A negligência quase custou a vida de seu filho, Tiago (Pedro Waddington), que estava no local. Marco Aurélio (Alexandre Nero), pai da criança, então assumiu a guarda do menino. E a artista, mais uma vez, viu a culpa se intensificar.

Julgamentos e cobranças: o peso da rejeição
Em meio a esse turbilhão, o comportamento da mãe serve apenas para aprofundar o sofrimento da personagem. Os julgamentos de Odete se repetem com frieza e ela – mesmo sabendo que o filho está vivo – insiste em responsabilizar Heleninha pela tragédia com Leonardo, como se o luto dela já não fosse suficiente.
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A relação entre as duas se baseia em cobranças. O afeto, ao contrário, parece ausente. Odete não poupa palavras duras e trata a filha como alguém que fracassou em todas as esferas — na família, na maternidade, na arte. O resultado é o agravamento da fragilidade emocional de Heleninha, que não encontra suporte sequer dentro da própria casa.
Enquanto enfrenta a desconfiança da mãe, Heleninha tenta manter a sanidade. Mas as recaídas continuam, principalmente diante das provocações. A bebida volta a ser válvula de escape. A cada novo deslize, a artista confirma a profecia de Odete. O ciclo, assim, se mantém. Cada crítica ecoa como reforço da culpa. E, sem apoio, Heleninha perde a força para lutar sozinha.
Alcoolista ou alcoólatra? Entenda a diferença
O uso do termo alcoolista, e não alcoólatra, tem importância dentro da construção da personagem. A escolha da palavra reflete uma tentativa de se afastar do estigma.
A dependência, segundo a Organização Mundial da Saúde, se caracteriza por um transtorno por uso de álcool. No entanto, o vocabulário mais recente propõe distinções que ajudam a entender o estágio e a gravidade do quadro.
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Alcoólatra, em termos clínicos, designa alguém diagnosticado com dependência severa. Esse indivíduo apresenta incapacidade de interromper o consumo, mesmo diante de prejuízos evidentes à saúde, ao trabalho e aos relacionamentos. Para mulheres, considera-se crítico o consumo superior a 14 unidades semanais de álcool. Para homens, esse limite sobe para 21. Uma unidade equivale a cerca de 10 mililitros de álcool puro — algo como uma taça pequena de vinho ou uma lata de cerveja.
Já o alcoolista mantém um padrão frequente de consumo, muitas vezes excessivo, mas sem necessariamente apresentar todos os sintomas do alcoolismo crônico. Essa pessoa ainda possui certo controle, embora a longo prazo esteja em risco elevado de desenvolver dependência. Muitas vezes, o alcoolista não se reconhece como tal, já que o hábito é comum no convívio social e até incentivado em ambientes festivos.
Diálogo e tratamento
A personagem de Paolla Oliveira representa esse estágio: alguém que reconhece o problema, mas ainda tenta contorná-lo sozinha. E isso revela o risco de normalizar padrões de consumo prejudiciais. O termo alcoolista abre espaço para diálogo e tratamento sem julgamento — algo fundamental para a recuperação.
Justin Timberlake também enfrentou o álcool
A diferença, portanto, não está apenas na intensidade do vício, mas também no olhar que se lança sobre ele. Enquanto o termo alcoólatra costuma vir carregado de preconceito, alcoolista abre margem para compreensão. No contexto de Heleninha, a escolha das palavras revela sua tentativa de preservar a autoestima diante de um problema que insiste em retornar.
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Fonte: OFuxico