Diversas crianças foram mortas em um ataque aéreo israelense em um ponto de distribuição de água no centro da Faixa de Gaza neste domingo, disseram autoridades de saúde, uma das várias ofensivas fatais no território que ocorrem enquanto as negociações de cessar-fogo no Catar fracassam.
As esperanças eram grandes para as últimas negociações, mas após dias de reuniões, os dois lados se acusaram mutuamente de bloquear um acordo, enquanto em campo não houve trégua na campanha militar israelense, retomada quando o último cessar-fogo fracassou em março.
O Ministério da Saúde palestino, ligado ao Hamas, informou neste domingo (13) que 139 corpos foram levados para hospitais de Gaza nas últimas 24 horas, com várias vítimas ainda sob os escombros.
O número é o maior registrado desde 2 de julho e eleva o total de mortos desde 7 de outubro de 2023 para 58.026, afirmou o ministério.
Isso ocorreu antes do ataque aéreo israelense deste domingo matar seis crianças e outros quatro adultos em um ponto de distribuição de água no centro de Gaza, segundo o Hospital Al-Awda.
Um vídeo da cena caótica mostrou várias vítimas, incluindo menores em meio a baldes e carregadores de água.
O exército israelense reconheceu que um ataque aéreo contra um “terrorista da Jihad Islâmica” havia dado errado e a “munição caiu a dezenas de metros do alvo”, afirmando que o caso estava sob análise.
Também no centro de Gaza, no domingo, pelo menos 12 pessoas foram mortas e mais de 40 ficaram feridas quando um ataque aéreo israelense atingiu um cruzamento movimentado, segundo o Dr. Mohammed Abu Salmiya, diretor do Complexo Médico Al-Shifa, no centro da Cidade de Gaza.
Entre os mortos está um médico renomado, Ahmad Qandeel, descrito pelo Ministério da Saúde como “um dos profissionais médicos mais respeitados de Gaza”.
Fim de semana de ataques e mortes em Gaza
O alto número de mortos no domingo ocorreu após diversas fatalidades no sábado (12).
A pasta informou que 27 pessoas foram mortas e muitas ficaram feridas quando tropas israelenses abriram fogo contra pessoas que tentavam obter ajuda em um local de distribuição perto do sul de Rafah, administrado pela GHF (Fundação Humanitária de Gaza), apoiada pelos Estados Unidos.
A GHF negou a alegação, afirmando que “não houve incidentes em nossos locais ou nas imediações deles” no sábado.
O exército israelense também negou que alguém tenha sido ferido por tiros de suas tropas nas proximidades do local, mas afirmou que continua analisando os relatos. A agência informou à CNN neste domingo que não tinha mais comentários.
No entanto, o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha) informou que seu hospital de campanha próximo ao local recebeu 132 pacientes com ferimentos por armas.
Vinte e cinco foram declarados mortos ao chegar e outros seis faleceram após serem internados — o maior número de mortes desde que o hospital iniciou as operações em maio de 2024, segundo o CICV.
“Esta situação é inaceitável. A frequência alarmante e a escala desses incidentes com vítimas em massa ressaltam as condições horríveis que os civis em Gaza estão enfrentando”, acrescentou o comitê.
Quase 800 palestinos foram mortos enquanto tentavam obter ajuda em Gaza entre o final de maio e 7 de julho, segundo o ACNUDH (Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), quando o GHF começou a operar.
Em outras partes de Gaza, 13 pessoas foram mortas no sábado em ataques aéreos no campo de refugiados de Al-Shati, perto da Cidade de Gaza, no norte do território, conforme Mohammed Abu Salmiya, diretor do Hospital Al-Shifa.
Salmiya disse à CNN que 40 feridos foram internados. Vídeos geolocalizados mostraram pelo menos uma criança entre as vítimas.
As FDI (Forças de Defesa de Israel) informaram neste domingo que destruíram armas e túneis usados pelo Hamas no norte de Gaza e que a força aérea realizou ataques a mais de 150 alvos em toda a Faixa de Gaza, incluindo “prédios com armadilhas explosivas, depósitos de armas, mísseis antitanque e posições de atiradores de elite”.