É consenso na literatura científica que, em quase todas as espécies, o macho exerce um lugar de liderança no grupo em que se encontra inserido.
Estudo recente liderado por pesquisadores da Universidade de Montpellier, na França, em parceria com o Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, e do Centro Alemão de Primatas em Göttingen, na Alemanha, revelam uma nova linha de entendimento sobre o assunto.
Ao contrário do que se acreditava, a relação de dependência entre machos e fêmeas podem variar significativamente. O que leva a crer, então, não haver predominância significativa entre os gêneros.
É o que mostram os números observados pela pesquisa, em que a predominância do macho sobre a fêmea em atividades cotidianas se pronuncia apenas em 25 das 151 espécies de primatas analisadas.
O estudo sublinha ainda que embora os machos apresentem prevalência física, as fêmeas primatas desenvolvem comportamentos alternativos de imposição aos machos. Além disso, a investigação científica indica que as relações de poder entre os gêneros podem variar de acordo com as diferentes espécies.
Patriarcado humano em xeque
As observações de comportamento entre machos e fêmeas de 253 populações de 121 espécies de primatas indicam, portanto, não haver predominância de um sexo sobre outro. Os resultados constados pelos pesquisadores europeus colocam em xeque as interpretações sobre os papéis de gênero aceitas até então pela comunidade científica.
Achados que levaram os cientistas a defender uma revisão das teorias que sugerem o patriarcado humano como um legado primata, conforme artigo publicado no site do Insituto Max Planck.
“Os humanos não compartilham todos os traços que caracterizam espécies em que os machos dominam estritamente as fêmeas. Em vez disso, o conjunto de características humanas os coloca mais próximos de espécies que apresentam relações mais complexas, nas quais indivíduos de qualquer sexo podem se tornar dominantes”, pontuam os especialistas.