Pesquisadores descobriram uma nova estratégia usada pelo citomegalovírus (CMV) para invadir células humanas. A descoberta pode abrir caminho para tratamentos mais eficazes contra o vírus, que causa malformações congênitas e afeta pessoas imunossuprimidas.
Presente em grande parte da população mundial, o CMV é um membro da família dos herpesvírus e, embora muitas vezes não cause sintomas em adultos saudáveis, representa um sério risco durante a gravidez.
“Encontramos uma peça que faltava no quebra-cabeça e que representa uma possível razão pela qual os esforços de imunização contra o CMV não tiveram sucesso”, afirmou Jeremy Kamil, professor de microbiologia e genética molecular e um dos autores sêniores do estudo, em comunicado.
O que é o citomegalovírus?
- O citomegalovírus (CMV) é um vírus da família dos herpesvírus que pode causar infecção em diferentes partes do corpo.
- A transmissão ocorre pelo contato com secreções corporais, como sêmen, fezes, urina e secreção vaginal de pessoas infectadas.
- Na maioria dos casos, a infecção é assintomática ou provoca apenas sintomas leves, como febre e mal-estar.
- Também podem surgir fadiga, dor muscular, dor de garganta, aumento do fígado ou do baço e alterações em exames de sangue.
- Em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, o vírus pode provocar complicações graves, como retinite (inflamação da retina que pode causar cegueira), encefalite e pneumonia.
Arma secreta para escapar das defesas do corpo
O estudo, publicado na revista Nature Microbiology nessa segunda-feira (30/6), revelou que, além de usar as ferramentas moleculares típicas dos herpesvírus para entrar nas células, o CMV conta com um atalho pouco conhecido. Ele forma um complexo de proteínas único, que permite ao vírus penetrar em células dos vasos sanguíneos sem ser detectado pelo sistema imunológico.
Enquanto outros herpesvírus utilizam uma dupla de proteínas chamada gH-gL para invadir as células, o CMV substitui a gL por uma proteína alternativa, a UL116, e a combina com outra chamada UL141.
Esse trio — batizado de GATE pelos cientistas — funciona como uma “porta lateral”, permitindo que o vírus acesse o interior das células e se dissemine sem acionar os alarmes naturais do organismo.
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“Esperamos que novas estratégias direcionadas ao GATE aumentem nossas chances de combater a infecção por CMV e, talvez, também limpem nossos corpos dessa infecção vitalícia”, explicou Chris Benedict, professor do Instituto de Imunologia La Jolla e também autor sênior do estudo.
Produção de vacinas no futuro
Segundo os autores, o complexo GATE pode se tornar um alvo estratégico para o desenvolvimento de vacinas e medicamentos antivirais. Até hoje, o tamanho do genoma do CMV e sua complexa maquinaria dificultaram a criação de terapias eficazes.
“Se conseguirmos desenvolver medicamentos antivirais ou vacinas que inibam a entrada do CMV, isso nos permitirá combater as muitas doenças que esse vírus causa em bebês em desenvolvimento e em pessoas imunocomprometidas”, disse Benedict.
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Fonte: Metrópoles