A declaração de Gladson Cameli segundo a qual “Bocalom e Mailza poderiam estar juntos em 2026” encalacrou o prefeito de Rio Branco, que, embora pareça esperto demais, entendeu ser um sinal de que ele possa ser “ungido” como cabeça da chapa majoritária. Nem que o mundo seja recriado, Mailza seria vice de novo, tampouco abrirá mão para quem quer que seja. Sua fala “eu não aceito traição” por si diz tudo, e sua inegável inquietação com tentativas de golpe, idem – recado que ecoa nos corredores, causa murmúrios e põe em seu devido lugar puxa sacos que efusivamente a cumprimentam, travestidos de “amigos”.
Se Bocalom insistir na provável pré-campanha a governador, deve sair de mãos vazias. E levaria a reboque Márcio Bittar, seu tutor político, que, aliás, está incomodado com as investidas do gestor municipal. Se já é praticamente improvável a reeleição de Bittar ao lado de Cameli, sem o governador ele, talvez, sequer repetirá os míseros 4 mil votos que obteve quando disputou o governo em 2022.
Boca disputaria o governo com todo o direito de qualquer cidadão, legitimado pela sua vontade de querer, um dia, governar o Acre. ISTO É DEMOCRACIA.
Porém, o fará sem a importante e decisiva bênção do governador e do grupo que deu ao prefeito tudo que ele é hoje politicamente após décadas de ostracismo.
Nesse cenário, Alysson Bestene, hoje vice, assumiria o comando de Rio Branco. Ele apoiaria Bocalom e seu projeto de governança? Sacrificaria a boa relação com o governador, que mantém seu tio, Zeca Bestene, no primeiro escalão e agraciou o grupo dele com muitos, muitos cargos?
Aqui de fora vejo que nem o mais desavisado apostaria no êxito do prefeito mineiro em chegar ao Palácio Rio Branco sozinho.
Mas há um detalhe importante a ser considerado: Alisson Bestene tem como esposa Roberta Lins, que, todo mundo sabe, é quem realmente manda no vice-prefeito. Roberta estuda Medina Uninorte com a esposa de Alan Rick, Michele Miranda, e as duas são “best friends”, tipo carne e unha mesmo. Michele trabalha de forma incessante para que Roberta convença Alysson a apoiar Alan Rick.
E, sinceramente? É mais fácil Alysson ceder à pressão da esposa do que aos galanteios de Bocalom.
Ainda:
Consultem os irmãos Rueda se eles largariam a generosa ocupação de cargos no governo estadual para apostar numa candidatura natimorta.
É improvável ainda que Cameli, num surto inimaginável, desista de Mailza, aposte em Bocalom e, com isso, imploda a sua própria candidatura de senador. A probabilidade de isso acontecer é zero. Cameli sabe da lealdade de Mailza e não esconde isso de ninguém. E também sabe que Bocalom gera confiança em um total de zero pessoas, afinal sua fama de descumprir acordos vem desde os tempos de Acrelândia.
E se Bocalom permanecer onde está – ou seja, concluir o seu segundo mandato? Seria um gesto que ele não deseja, afinal não passa pela sua cabeça ficar sem poder após 2027, quando não poderá mais disputar a segunda reeleição. Obviamente, nesse cenário, Bocalom terá que apoiar Mailza Assis, candidata ÚNICA à sucessão de Cameli, postura negada por ele próprio quando a vice-governadora, num gesto oportuno, buscou ouvir dele se a apoiaria ou não.
Bocalom vice de Mailza? NUNCA.
Essa conta também não fecha.