Enquanto Donald Trump expõe todas as suas ameaças ao Brasil nas redes sociais, o governo Lula segue no modo analógico e mantém sob sigilo o teor das duas cartas ao norte-americano, que teria uma contraproposta para evitar a taxação de 50% a todos os produtos brasileiros a partir de primeiro de agosto.
Como mostrou a coluna, Trump ignorou solenemente a primeira carta do Brasil, ainda quando a tarifa era de 10%. Uma segunda carta foi enviada nesta terça-feira (16/7), apelando por uma resposta, quando a tarifa pode chegar a 50%.
Diz a carta de Alckmin:
Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.
Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira.
Que proposta? Ninguém sabe, ninguém viu!
Enquanto Trump expõe tudo nas redes sociais e em entrevistas coletivas diárias, onde se permite questionar sem apelar para ambientes controlados, o governo brasileiro mantém a sua parte sob sigilo e escalou o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e não Lula para rebater de igual para igual. É o que manda a boa diplomacia, ocorre que Trump não respeita regras “porque não quer”. E o governo brasileiro seguirá sem resposta se não entender a lógica da extrema direita.
Diante disso, representantes dos setores afetados, ouvidos pela coluna, estão apreensivos com as dificuldades do governo em construir um acordo. Ao atacar o Pix, Trump empareda ainda mais os negócios no Brasil, e quem ainda não tinha prestado atenção no assunto agora vai. O governo já sentiu o que é ameaçar o Pix e sabe que a “lua de mel” com o eleitorado pode acabar rapidinho.
Uma reportagem do jornal O Globo mostrou que o governo, inclusive, pode estar inflando o apoio que diz ter conquistado nas redes. Os dados compilados pelo jornal mostram que 1/3 dos 1,6 milhão de postos com o mote “Bolsonaro taxou o Brasil” veio de poucas contas com alto volume e frequência de publicações.
Fonte: Metrópoles