O governo federal está adotando uma nova estratégia para lidar com a crise política e melhorar sua imagem perante a opinião pública, segundo análise de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas do grupo Eurasia, em entrevista ao jornal WW, nesta quarta-feira (2).
Para Garman, a abordagem envolve um discurso focado na justiça social e na taxação dos mais ricos, em resposta à queda de popularidade e às dificuldades enfrentadas na aprovação de medidas tributárias.
Garman destaca que o Planalto está questionando a decisão do Congresso Nacional de derrubar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no Supremo Tribunal Federal (STF), ao mesmo tempo em que acusa os parlamentares de defenderem interesses das classes mais altas.
“No fundo, o governo está querendo virar o jogo e dizer que eles estão querendo taxar para encaminhar a justiça social”, explica Garman.
O diretor da Eurasia aponta para uma estratégia em duas fases. A primeira envolve um período de maior tensionamento nas próximas semanas, com o governo mostrando sua insatisfação com o Congresso. “O objetivo é criar um cenário de ‘guerra’ onde todos perdem, incluindo o próprio Legislativo e as lideranças parlamentares”, avalia.
A segunda fase, de acordo com o analista, está prevista para o final de julho ou agosto, e seria marcada por uma abertura para negociações. Garman acredita que, se o governo conseguir recuperar parte do apoio popular durante esse embate, sua posição de barganha será fortalecida nas futuras negociações com o Congresso.
“Eu acho que o cálculo do Planalto é: ‘se eu acomodar agora, eu não só não recupero nas pesquisas, mas também eu tô numa posição onde a barganha é menor’”, explica Garman, ressaltando a lógica por trás da estratégia governamental.
O analista conclui que, apesar do período de tensão, os incentivos para um acordo são significativos, uma vez que um conflito prolongado seria prejudicial para todas as partes envolvidas. “A expectativa é que, após esse período de embate, haja uma disposição maior para sentar à mesa de negociações e buscar soluções consensuais”, finaliza.