Chegou o frio e, com ele, a impressão de que todo mundo está doente. Muita gente associa o inverno ao aumento de gripes e resfriados, mas será que a imunidade realmente cai nessa época do ano?
Em partes, sim. Segundo os especialistas ouvidos pelo Metrópoles, o frio por si só não é capaz de enfraquecer diretamente o sistema imunológico. Mas as mudanças de comportamento e ambiente típicas dessa estação acabam contribuindo, de forma indireta, para que as defesas do corpo fiquem mais vulneráveis.
“O frio por si só não reduz a imunidade. O que acontece é que os hábitos e condições ambientais do inverno criam um cenário mais proprício para infecções virais”, explica a infectologista Renata Zorzet Manganaro de Oliveira, do Hospital Beneficência Portuguesa de São José do Rio Preto (SP).
Diferença entre os sintomas da gripe e do resfriado
- Os sintomas da gripe incluem febre alta de início súbito, dores musculares, fadiga extrema, calafrios e tosse seca.
- Em alguns casos, a gripe pode evoluir para quadros mais graves, como pneumonia.
- Os indicativos mais comuns de resfriado incluem: coriza, espirros, dor de garganta e, ocasionalmente, febre baixa.
- A principal diferença está na intensidade dos sintomas. Na gripe, a febre é mais comum e a tosse é seca e forte. No resfriado, a febre é mais rara e a tosse é leve ou com catarro.
Ela destaca que o sistema imune não se torna automaticamente mais fraco só porque está frio, mas há uma série de fatores que se somam, como menor exposição ao sol, o que pode levar à queda na produção de vitamina D; mudanças bruscas de temperatura que afetam a mucosa nasal; alimentação menos variada; e menor consumo de frutas e vegetais ricos em antioxidantes. “Tudo isso pode deixar o corpo mais suscetível a infecções”, afirma.
O infectologista Alberto Chebabo, do laboratório Sérgio Franco e consultor de vacinas da Dasa, concorda. “O corpo depende de um equilíbrio entre fatores físicos e emocionais para seu correto funcionamento, e o sistema imunológico não é diferente”, diz. Estresse, sedentarismo e noites mal dormidas, comuns nessa época do ano, também entram na conta.
Por que ficamos mais doentes no inverno?
O aumento dos casos de gripes, resfriados e outras infecções respiratórias durante o inverno tem mais relação com o ambiente do que com uma suposta “queda da imunidade” automática.
“Acontece principalmente pelo risco de estar em ambientes fechados. A circulação de ar reduz bastante. No verão, normalmente, a gente faz atividades ao ar livre. Já no frio, as pessoas se aglomeram em espaços com pouca ventilação, às vezes com aquecimento, o que resseca ainda mais as mucosas”, detalha Chebabo.
Segundo ele, esse ressecamento das vias aéreas facilita a entrada de vírus no organismo. Se uma pessoa infectada estiver em um ambiente fechado, a chance de transmitir o vírus para outras é muito maior, o que explica os surtos típicos dessa época do ano.
Renata reforça que o ar seco e as mudanças bruscas de temperatura também contribuem para inflamar as vias respiratórias e prejudicar as defesas locais. “É por isso que vemos um aumento de gripes, sinusites, amigdalites e até bronquites nesse período”, completa.
Como fortalecer a imunidade no frio?
Para proteger o sistema imunológico no inverno, é importante adotar alguns cuidados simples no dia a dia. A hidratação é um dos principais. “Beber bastante líquido ajuda a manter as mucosas hidratadas e reduz o risco de infecção, principalmente em locais secos ou com aquecimento artificial”, orienta Chebabo.
Também é essencial garantir uma boa ventilação nos ambientes. “Abrir janelas ou usar a função de troca de ar dos aparelhos de ar-condicionado faz diferença”, acrescenta o médico.
Evitar o contato com pessoas que apresentem sintomas respiratórios é outro ponto-chave. E, se for a pessoa que está com sintomas, o ideal é evitar sair ou, se for inevitável, usar máscara para proteger os outros.
Além desses cuidados, a vacinação é uma aliada poderosa. “A vacina contra a gripe, por exemplo, é atualizada anualmente para proteger contra os vírus que circulam com maior força no inverno. Há também opções específicas para determinados públicos”, finaliza o médico.
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Fonte: Metrópoles