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Kayla Harrison sobreviveu a abuso sexual e se tornou campeã do UFC

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Kayla Harrison sobreviveu a abuso sexual e se tornou campeã do UFC

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, Kayla Harrison relatou a trajetória de superação que a levou a se tornar bicampeã olímpica de judô, da Professional Fighters League (PFL) e atual campeã peso-galo (até 61,2 kg) do UFC.

Aos 13 anos de idade, Kayla foi sexualmente abusada pelo seu primeiro técnico de judô, Daniel Doyle. Atualmente, ele está solto, após ter servido 10 anos de prisão em uma penitenciária federal nos Estados Unidos.

“Foram muitas quedas até chegar ao momento de superação… mas Ele nunca deixou de estar ao meu lado” disse Harrison.

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Kayla transformou dor em propósito ao fundar a Fearless Foundation, ONG criada para dar voz a vítimas de abuso sexual. “Percebi que ninguém estava falando das vítimas. Falavam do agressor, do escândalo… mas não de quem sofreu. Então eu comecei a contar minha história”, destacou.

Além da fundação, ela escreveu o livro Fighting Back, ao lado de dois psicólogos, em que mistura relatos pessoais e orientações profissionais sobre como romper o silêncio e encontrar caminhos de cura.

Impactos da maternidade

A atleta adotou duas crianças e relatou a importância dos filhos em sua trajetória. “Acho que eles nasceram com seu próprio fogo e força interior, cada um à sua maneira”, afirmou.

Questionada sobre como acredita que os filhos enxergam a vida ao acompanharem sua jornada, Kayla destacou: “Meus filhos já são bastante fortes por si só. Eles não precisam de mim para ensinar resiliência (…) São indivíduos únicos que tenho a bênção de guiar”, disse.

Além da família, a campeã relatou a importância que a fé tem sobre a sua carreira. “Não houve um momento na minha vida em que Deus não estivesse presente… mesmo criança, eu escrevia ‘Querido Deus’ nos meus diários”.

Ao mesmo tempo, entretanto, a lutadora relatou a dificuldade em manter esse pensamento. “Sempre tive dificuldade em acreditar que havia um Deus que me amava incondicionalmente… provavelmente por conta do meu passado de abuso sexual e da ausência do meu pai”, contou.

Plataforma de mudança

Mais do que colecionar títulos, Kayla vê o sucesso como uma plataforma de mudança. “A maioria só vê o pódio, os holofotes, o cinturão… Mas não enxergam o caminho, as dores, os momentos em que pensei em desistir. Tenho orgulho da mulher que me tornei.”

A norte-americana foi a primeira campeã olímpica de judô dos Estados Unidos, venceu duas temporadas da PFL e agora é campeã peso-galo do UFC. Mas, para ela, o cinturão carrega mais que valor esportivo. “Pode colocar esse peso nos meus ombros. Eles são largos. Mas não quero ser a maior de todos os tempos para sempre. Quero que outras quebrem meus recordes.”

Nos bastidores, a expectativa gira em torno de um possível confronto com Amanda Nunes, considerada por muitos a maior lutadora da história do MMA feminino. “Acredito que sou a melhor do mundo hoje. E a maior honra que posso dar a Amanda é pedir para dividir o cage com ela. Não é rivalidade, é desafio. É sobre crescer, me testar, continuar subindo.”

Por fim, ao ser perguntada sobre os fãs brasileiros, Kayla respondeu com carinho e sinceridade: “Tenho grandes memórias no Brasil. Ganhei meu segundo ouro aí. Tenho muito respeito pelos brasileiros — são guerreiros. Mesmo que não gostem de mim, agradeço. É o público que faz esse esporte ser tão especial.”


Fonte: Metrópoles

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