O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, avaliou, nesta sexta-feira (11/7), que a eventual confirmação das tarifas de 50% sobre exportações aos Estados Unidos pode impactar os preços no mercado doméstico.
Segundo ele, se o “tarifaço” entrar em vigor no dia 1º de agosto, pode haver um redirecionamento de parte da produção, de itens como café e carne bovina, ao mercado doméstico, o que aumentaria a oferta e poderia gerar efeitos deflacionários.
“Caso a tarifa se confirme, caso isso ocorra. Por isso, tem muita incerteza para a gente fazer uma análise concreta. Mas, sim, é possível nós vermos um cenário em que uma parte da produção que era destinada para exportação seja direcionada ao mercado interno, aumentado a oferta desses produtos domesticamente e impactando os preços”, disse.
A declaração foi dada durante a apresentação do Boletim Macrofiscal de junho, divulgado pela Secretaria de Política Econômica (SPE). No documento, a Fazenda revisou as expectativas para o crescimento econômico e a inflação do país.
Leia também
-
Secretário da Fazenda critica governadores que comemoraram tarifaço
-
Suco de laranja dispara mais de 9% em Nova York após tarifaço de Trump
-
Tarifas de Trump: veja as armas que governo Lula prepara para retaliação
-
Lula: se não houver solução com Trump, Brasil aplicará tarifa em 1º/8
Mello ponderou, no entanto, que é difícil trabalhar apenas com hipóteses e prometeu que a Secretaria de Política Econômica fará simulações de impacto assim que houver mais clareza sobre a medida.
“Essa tarifa de 50% chega a ser proibitiva para um conjunto de produtos que nós exportamos. Alguns ainda, mesmo com a tarifa de 50%, podem se mostrar competitivos e ter algum espaço”, analisou ele.
Do total exportado pelo Brasil, aproximadamente 12% vão para os Estados Unidos. Estão entre os principais: óleos brutos de petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco de laranja, carne bovina, aeronaves e máquinas para o setor de energia.
O secretário ressaltou que há um processo de transição entre deixar de exportar para um parceiro tradicional e encontrar novos compradores. Nesse cenário, o mercado interno pode atuar como uma espécie de amortecedor.
“Nesse processo de transição, o Brasil tem a vantagem de ser um mercado consumidor grande, forte, robusto e dinâmico. E que, portanto, tem condições de absorver uma parcela dessa produção que era voltada para a exportação”, concluiu.
Tarifa de Trump não deve afetar o PIB
A SPE ressaltou que as projeções ainda não consideram os impactos potenciais da elevação na tarifa de importação dos Estados Unidos para o Brasil de 10% para 50%. A pasta entende que o impacto da medida deve ser concentrado em alguns setores da indústria de transformação, mas acredita que o “tarifaço” terá pouca influência na estimativa de crescimento em 2025.
No Macrofiscal, o Ministério da Fazenda subiu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2,4% para 2,5% em 2025. A revisão está relacionada à resiliência do mercado de trabalho no segundo trimestre.
A expectativa é de que o crescimento do segundo trimestre desacelere em comparação ao período anterior e cresça apenas 0,6%. Segundo a SPE, o PIB agropecuário deverá cair, enquanto o ritmo de atividade na indústria e em serviços deve subir.
Outras projeções para 2025 e 2026
2025
- PIB real: 2,5%
- IPCA (inflação) acumulado: 4,9%
- INPC acumulado: 4,7%
- IGP-DI acumulado: 4,6%
2026
- PIB real: 2,4%
- IPCA (inflação) acumulado: 3,6%
- INPC acumulado: 3,3%
- IGP-DI acumulado: 5%.
Fonte: Metrópoles