A próxima novela das sete da Globo, “Coração Acelerado”, promete cutucar uma ferida cada vez mais exposta na era digital: o preço da fama em tempos de internet. Escrita por Izabel de Oliveira e Maria Helena Nascimento, a trama mergulha no universo dos astros sertanejos que, enquanto colecionam milhões de seguidores, veem sua saúde emocional desabar sob o peso da superexposição.
O protagonista, João Raul — ainda sem ator definido — é um cantor de sucesso que vê sua vida pessoal desmoronar após assumir namoro com Naiane (Isabelle Drummond), uma influenciadora digital deslumbrante e viciada em registrar absolutamente tudo que acontece entre os dois. A relação, inicialmente movida pela paixão, rapidamente vira um reality show forçado. João Raul, já esgotado da pressão pública, entra em crise. Depressão, ansiedade e um profundo desejo de sumir das redes dominam o personagem.
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A novela – que quer Nicolas Prattes como protagonista e tem Danilo Mesquita como segunda opção – acerta ao retratar uma realidade comum nos bastidores da fama: a tensão entre o artista e o algoritmo. Não basta mais cantar, atuar ou dançar — é preciso performar a própria vida 24 horas por dia, como se a existência fora das câmeras fosse um erro de contrato.
Naiane, com seu feed milimetricamente calculado, representa uma geração que confunde visibilidade com relevância. Já João Raul encarna os artistas que, apesar do sucesso, querem se preservar — e, por isso mesmo, acabam sendo taxados de ingratos, antipáticos ou até “difíceis de trabalhar”.
Não é coincidência que “Vale Tudo”, atual novela das nove, também tenha flertado com essa discussão. Maria de Fátima (Bella Campos), movida por ambição e sede de likes, expõe cada passo de sua vida e da poderosa família Roitman. Afonso (Humberto Carrão), seu noivo bilionário, rejeita a ideia de ter a intimidade devassada por cliques e legendas. Odete (Débora Bloch), implacável como sempre, chega a proibir Fátima de usar redes sociais, tratando privacidade como patrimônio.
O paralelo entre as duas novelas evidencia uma crítica clara: a cultura do compartilhamento total não vem sem custo. Na televisão — e na vida real — já está mais do que na hora de perguntar: até onde vale a pena mostrar tudo?
“Coração Acelerado” estreia em novembro no lugar de “Dona de Mim” e, ao que tudo indica, vai entregar entretenimento com questionamento na medida. Um reflexo direto de um tempo em que a vida privada virou conteúdo — e o silêncio, um luxo quase impossível.
Fonte: Portal LEODIAS