Israel lançou poderosos ataques aéreos em Damasco na quarta-feira (16), prometendo destruir as forças do governo que atacam os drusos no sul da Síria e exigindo sua retirada.
A ofensiva marcou uma escalada significativa por parte de Israel contra o governo liderado por islamistas do presidente interino Ahmed al-Sharaa.
Os ataques aconteceram apesar da aproximação de al-Sharaa com os Estados Unidos e da evolução dos contatos de segurança entre sua administração e Israel.
Descrevendo os novos governantes da Síria como jihadistas mal disfarçados, Israel declarou que não permitirá que eles desloquem forças para o sul da Síria e prometeu proteger a comunidade drusa da região contra ataques, encorajado pelos apelos da própria minoria drusa israelense.
Drusos israelenses acompanharam com medo e apreensão os relatos de aumento da violência na cidade majoritariamente drusa de Sweida, onde dezenas de pessoas foram mortas em dias de conflito.
Na quarta-feira (16), centenas de cidadãos drusos de Israel romperam a cerca de fronteira e se uniram a drusos do lado sírio.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que o exército israelense estava trabalhando para salvar os drusos e pediu aos cidadãos drusos israelenses que não cruzassem a fronteira. O exército israelense disse estar atuando para devolver em segurança os civis que cruzaram.
Quem são os drusos?
Os drusos, uma minoria árabe que pratica uma religião originalmente derivada do Islã, vivem em uma região que abrange o Líbano, a Síria, Israel e as Colinas de Golã, conectados por uma teia de laços familiares que ultrapassa fronteiras.
Os laços estreitos entre o Estado de Israel e seus 150 mil cidadãos drusos, reforçados pelo fato de que homens drusos servem nas Forças de Defesa de Israel, são um dos motivos do crescente envolvimento israelense na Síria.
“Os drusos são, de certa forma, nossa minoria especial, não quero dizer ‘nossa minoria especial’, mas, de certo modo, eles foram a minoria especial. Eles foram a minoria que nos acolheu. E, assim, da perspectiva sionista, os drusos foram realmente amigáveis e prestativos, e por isso merecem apoio em troca”, disse Joel D. Parker, especialista em Oriente Médio da Universidade de Tel Aviv.
Fiéis à sua cultura e entre si, os drusos também buscam manter boas relações com os países onde vivem.
“Acho que não se trata apenas de apoio, mas da ideia de que os drusos acreditam que, onde quer que vivam, devem demonstrar patriotismo e lealdade ao seu próprio país”, acrescentou Parker.
A solidariedade drusa não é a única preocupação de Israel na Síria, que tem sido governada por um grupo islamista, anteriormente afiliado à Al Qaeda, desde que Bashar al-Assad foi deposto em dezembro de 2024.
Israel vê os islamistas como uma ameaça e tem procurado impedir que suas forças armadas entrem em regiões próximas à sua fronteira, como Sweida.
Durante a madrugada de quinta-feira (17), as tropas do governo liderado por islamistas se retiraram de Sweida após a intervenção dos Estados Unidos ajudar a encerrar os combates mortais entre forças do governo e combatentes drusos no sul.
O líder sírio Ahmed al-Sharaa prometeu proteger a minoria drusa do país na quinta-feira e acusou Israel de tentar fragmentar a Síria.