Retaliação do Brasil aos EUA pode afetar dólar, inflação e bolsa

Queda da bolsa, volatilidade no dólar e alta da inflação: este é o cenário apontados por economistas ouvidos pela CNN caso o governo do Brasil decida retaliar as taxações de 50% anunciadas por Donald Trump aos produtos importados brasileiros.

A decisão seria uma resposta à taxação de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA, anunciada por Donald Trump na última quarta-feira (9). O sobrepreço passa a valer no dia 1º de agosto.

Por outro lado, a decisão do chefe da Casa Branca pode influenciar o Brasil a direcionar suas exportações para outros mercados, como China e União Europeia.

Na leitura do sócio da One Investimentos, Pedro Moreira, um dos primeiros impactos, caso o Brasil reaja aos Estados Unidos, seria a alta de produtos de tecnologia com alto valor agregado, vendidos aos consumidores brasileiros pelo varejo e utilizados pela indústria e pelo setor de serviços local.

Essa alta nos preços levaria a uma queda no consumo por parte dos consumidores, afetando o faturamento e o ganho das varejistas. Os itens importados também sairiam mais caros para as companhias locais, o que elevaria seus gastos e reduziria a margem de lucro.

“Poderíamos ver alguns balanços de empresas piorando devido ao arrefecimento do consumo, caso esse cenário seja aplicado. Veríamos o lucro operacional dessas empresas caindo, o que não é uma boa visualização para o Ibovespa”, afirma.

Na mesma linha, o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, analisa que a sobretaxa sobre as importações norte-americanas levaria a maior volatilidade da taxa de câmbio.

No dia 3 de julho, o dólar fechou cotado a R$ 5,40, o menor valor desde junho de 2024. Uma semana depois, nesta quinta-feira (10), um dia após o anúncio da tarifa de 50% de Trump, a moeda americana fechou a R$ 5,54.

Salto avalia que a incerteza do dólar também pode afetar a inflação e setores produtivos locais.

“O provável impacto sobre a produção, seja pelo agronegócio, seja pela indústria de transformação, também pode afetar as condições de oferta e, assim, o emprego domesticamente. Caso persistam os níveis de tarifas propostos, os efeitos podem ser bastante significativos”, diz Salto.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos, Patrick Buss, complementa que uma retaliação brasileira afastaria investidores estrangeiros da bolsa de valores e das companhias locais, provocando a saída de capital e pressionando ainda mais o real.

“Em efeito cadeia, a percepção de risco-país também pode subir, afetando títulos públicos e elevando o custo de captação para empresas brasileiras. De modo geral, mesmo focada nas importações, a retaliação pode desencadear reações negativas amplas no ambiente macroeconômico e financeiro”, explica Buss.

O que pode amenizar uma possível retaliação brasileira à sobretaxa norte-americana é a substituição dos parceiros comerciais. O professor de relações internacionais da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Leonardo Trevisan, afirma que a decisão de Trump pode favorecer a aproximação do Brasil com a China e com a União Europeia.

“Imaginar que o Brasil vai taxar os Estados Unidos e isso não vai repercutir no comércio aqui é uma posição frágil. O problema está na substituição, o Brasil precisa escolher um outro parceiro comercial para substituir a posição norte-americana e qualquer criança sabe que será a China”, diz o especialista.

Trevisan exemplifica com a postura conciliadora adotada pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Em nota, a entidade afirma que a tarifa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros prejudica as economias dos dois países, causando danos a empresas e consumidores.

Trevisan complementa: “Quanto mais os Estados Unidos colocarem pressões nesse volume contra o Brasil, mais a América Latina como um todo se aproximará da China. É nesse sentido que eu acho que é um tiro no pé”.

Entenda o tarifaço de Trump sobre Brasil e como impacta a economia

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