O Brasil enfrenta uma semana crucial nas relações comerciais com os Estados Unidos, com o risco iminente de imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. O impacto potencial afetaria exportações na ordem de US$ 40 bilhões anuais, dos quais US$ 10 bilhões correspondem ao setor do agronegócio. A avaliação é de Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, à CNN.
Inicialmente, havia expectativas de que o Brasil pudesse se beneficiar da guerra comercial entre Estados Unidos e China. No entanto, o cenário atual aponta para possíveis perdas significativas com a implementação do novo sistema tarifário.
Setores mais afetados
No agro, a carne bovina figura entre os produtos mais vulneráveis. Os Estados Unidos se tornaram o segundo maior mercado para este produto brasileiro, atrás apenas da China, especialmente devido à atual crise na pecuária americana, considerada a pior dos últimos 60 anos, afirma Jank.
O suco de laranja e o café também estão entre os produtos mais expostos às novas tarifas. Jank afirma que o Brasil é responsável por 70% das importações americanas de suco de laranja e 30% do café. Outros setores significativos incluem madeira, celulose, açúcar, etanol e mercados emergentes como pescados e frutas tropicais.
Busca por soluções
A situação exige uma presença constante e qualificada de representantes brasileiros em Washington para negociações e demonstração dos impactos mútuos, incluindo articulação com o setor privado norte-americano.
Uma eventual retaliação por parte do Brasil poderia agravar significativamente o cenário, sendo considerada prejudicial para ambos os países, acredita Jank.