Em meio à insatisfação do setor produtivo com a taxa Selic em 15% ao ano, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participará nesta terça-feira (8) de um almoço promovido pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE). O encontro terá como foco os pilares da agenda do Banco Central para 2025.
No entanto, os parlamentares devem questionar Galípolo sobre o nível da taxa básica de juros do país. A FPE é historicamente defensora do setor empresarial.
Foi a sétima alta consecutiva desde o início do ciclo de aperto em setembro de 2024, com um ritmo de aumento mais lento em comparação às reuniões anteriores. Mesmo assim, o maior patamar desde 2006.
No entanto, o Comitê sinalizou que poderá interromper o ciclo de altas na próxima reunião, marcada para o fim do mês, se os números estiverem convergentes para a queda na inflação.
A reação no mundo político foi imediata. Governistas e oposição criticaram a posição do Copom, que tem o intuito de desaquecer a economia para atingir a meta de inflação, em 3,5% ao ano — com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.
Prioridades do BC
Galípolo, porém, se prepara para levar as prioridades do BC para os parlamentares. Entre os assuntos estão:
- Importância crescente da comunicação do BC e a evolução da comunicação da autoridade monetária. Galípolo vem citando em falas recentes do esforço em aproximar o BC da sociedade por meio de linguagem acessível, uso de redes sociais, vídeos explicativos e memes.
- Aumentar o diálogo com o setor produtivo, especialmente com relação ao boletim Firmus, que capta as expectativas de empresas do setor não financeiro sobre variáveis macroeconômicas, ampliando o engajamento além do tradicional Boletim Focus.
- Revolução do sistema financeiro brasileiro, avanços tecnológicos recentes, como o Pix automático para pagamentos recorrentes, por aproximação, parcelado e em garantia, que ampliam segurança, agilidade e inclusão financeira.
- Facilitação do crédito com garantia, ampliação da colateralização para viabilizar crédito de menor custo, diminuindo a dependência de linhas emergenciais; uso da tecnologia Drex (real digital) com contratos inteligentes e tokenização para simplificar garantias e reduzir riscos.
- Desafios no financiamento imobiliário: queda do estoque da poupança, principal fonte de financiamento habitacional, e busca por alternativas para captar recursos de mercado, com objetivo de ampliar a participação do crédito imobiliário no PIB.
- Avançar com a proposta de emenda à constituição (PEC) que trata da autonomia financeira e orçamentária do Banco Central, apresentada pelo antecessor de Galípolo, Roberto Campos Neto.
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