Trump diz que não pretende enviar mísseis de longo alcance para a Ucrânia

À medida que o presidente Donald Trump endurece sua posição em relação a Moscou e busca novas maneiras de encerrar a guerra na Ucrânia, ele afirma que não pretende entregar mísseis de longo alcance a Kiev, que poderiam atingir alvos mais distantes da Rússia.

“Não, não pretendemos fazer isso”, disse Trump a repórteres nesta terça-feira (15), ao deixar a Casa Branca para um evento em Pittsburgh, na Pensilvânia.

Ainda assim, em conversas com aliados europeus nas últimas semanas, Trump não descartou permitir a entrada de certas armas ofensivas na Ucrânia.

Isso inclui produtos que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky solicitou anteriormente aos Estados Unidos, mas ainda não os recebeu, disseram autoridades familiarizadas com o assunto.

Trump também perguntou, nas últimas semanas, sobre a capacidade da Ucrânia de realizar ataques dentro da Rússia, numa tentativa de aumentar a pressão sobre o Kremlin para pôr fim à guerra, segundo uma fonte informada sobre a conversa.

Zelensky e Trump discutem possibilidade de ataques em ligação

Em uma conversa telefônica recente com Zelensky, Trump perguntou sobre a capacidade da Ucrânia de atingir Moscou e São Petersburgo, disse a fonte, uma pergunta noticiada inicialmente pelo jornal Financial Times.

Uma autoridade americana e um funcionário da Casa Branca disseram que a pergunta foi uma das muitas que o presidente fez sobre o conflito na ligação.

Mas os ucranianos ficaram perplexos e levaram as ideias de Trump a sério. Zelensky disse que os ataques poderiam ser realizados se os ucranianos tivessem as armas necessárias, disse a primeira fonte.

Após a conversa, houve discussões entre a Ucrânia, outros países europeus e os EUA sobre sistemas de longo alcance que poderiam ser fornecidos à Ucrânia.

A Ucrânia já está atingindo Moscou e a região de São Petersburgo com ataques de drones. Mas, Trump disse nesta terça-feira (15) que a Ucrânia não deveria ter como alvo a capital e maior cidade da Rússia.

“Não, ele não deveria ter Moscou como alvo”, disse Trump, referindo-se a Zelensky. E o presidente americano afirmou que não estava tomando partido em nenhum aspecto específico do conflito.

“Não estou do lado de ninguém”, disse ele. “Sabe de que lado eu estou? Do lado da humanidade.”

Após o jornal Financial Times noticiar a pergunta de Trump, a Casa Branca afirmou que as palavras foram tiradas de contexto.

“O presidente Trump estava apenas fazendo uma pergunta, não incentivando mais assassinatos. Ele está trabalhando incansavelmente para impedir a matança e pôr fim a esta guerra”, disse a secretária de imprensa Karoline Leavitt à CNN.

O episódio destaca a dinâmica atual entre os dois países, com Zelensky trabalhando incansavelmente para conquistar a atenção de Trump e não querendo desperdiçar o que pode ser um apoio e engajamento limitados dos Estados Unidos.

Questionado se mísseis ofensivos de longo alcance estavam em discussão como parte do plano da Otan anunciado na segunda-feira (14), o secretário-geral da aliança disse que o esquema poderia incluir todos os tipos de armas.

“É tanto defensivo quanto ofensivo, então envolve todos os tipos de armas. Mas não discutimos em detalhes ontem com o presidente. Isso está sendo realmente trabalhado com o Pentágono, pelo Comandante Supremo Aliado na Europa, juntamente com os ucranianos”, disse Mark Rutte, secretário-geral da Otan, após reuniões com parlamentares no Capitólio.

Prioridade na obtenção de mísseis Patriot

Na segunda-feira (14), o enviado de Trump à Otan, Matt Whitaker, disse que o foco imediato no envio de armas para a Ucrânia estava em sistemas defensivos, como os mísseis Patriot. Mas ele não descartou o fornecimento de armas ofensivas.

“Todas as armas são ofensivas e defensivas”, disse Whitaker. “Obviamente, um sistema de defesa aérea é importante e crítico para a situação, mas, ao mesmo tempo, não estamos descartando nada.”

No final do mandato, o ex-presidente Joe Biden autorizou o envio de ATACMS (Sistema de Mísseis Táticos do Exército), que são mísseis poderosos de longo alcance, à Ucrânia, para uso contra a Rússia, embora essas armas não conseguissem alcançar as duas cidades sobre as quais Trump questionou Zelensky no telefonema.

Trump chamou a medida de “estúpida” e um “grande erro”, e questionou por que não foi consultado enquanto se preparava para assumir o cargo.

A Ucrânia também solicitou anteriormente — mas ainda não recebeu — mísseis ar-superfície conjuntos, ou JASSMs, que são disparados de caças F-16. Países europeus já forneceram esses modelos à Ucrânia.

Por enquanto, porém, a prioridade parece ser obter sistemas de defesa aérea ucranianos — ou seja, os Patriot, que podem interceptar mísseis balísticos russos.

Esses produtos serão os primeiros a entrar no novo envio de armas anunciado por Trump na segunda-feira, envolvendo países europeus comprando os produtos e, em seguida, transferindo-os para a Ucrânia.

As armas estarão disponíveis para envio rápido a partir dos estoques existentes na Europa e provavelmente serão complementadas por novas compras dos EUA por países europeus.

“Quando se trata de munição e mísseis, trabalharemos nisso a partir de agora, a cada hora, garantindo que o material chegue à Ucrânia”, disse

“Mas, claro, sabemos que não se trata apenas de mísseis Patriot”, disse Mark Rutte, a Jake Tapper, da CNN, na segunda-feira (14), citando outros sistemas usados para interceptar mísseis de cruzeiro como essenciais para a defesa da Ucrânia.

“Isso é realmente discutir tudo o que os EUA ainda podem fornecer sem prejudicar a defesa dos próprios Estados Unidos”, disse ele.

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