Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, retomou sua defesa a Jair Bolsonaro em uma carta divulgada na quinta-feira, 17 de julho, com timbre oficial da Casa Branca. O conteúdo do documento foi publicado em sua rede social, a Truth Social, e direcionado diretamente ao ex-presidente brasileiro.
Dessa forma, no texto, Trump afirma: “Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto”.
Ele ainda exige em seguida: “Este processo deve terminar imediatamente!”. A declaração ocorre dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de Bolsonaro. Isso por crimes que incluem tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e formação de organização criminosa.
Na ação, a PGR sustenta, antes de mais nada, que o ex-presidente liderou um grupo organizado, com uso de armas, para atacar o sistema eleitoral e fomentar agressões às instituições democráticas.
A carta de Donald Trump surge, aliás, em meio ao clima de tensão que antecede o julgamento do caso. Até o momento, contudo, o STF não definiu uma data para o início da análise.
Trump amplia críticas e impõe tarifa de 50% ao Brasil
A ofensiva do presidente norte-americano, porém, não se restringiu à carta. No último dia 9 de julho, Trump assinou um documento oficial endereçado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impondo uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. De acordo com ele, o Brasil interfere no Judiciário e ameaça a democracia.
Embora tenha usado justificativas políticas, Donald Trump também alegou razões comerciais. No entanto, dados oficiais revelam que os Estados Unidos possuem superávit na balança comercial com o Brasil — exportam mais do que importam em valor total.
A medida gerou desconforto no governo brasileiro. O vice-presidente Geraldo Alckmin se pronunciou ao ser questionado sobre o tema: “Uma coisa é questão do Poder Judiciário – e é importante destacar que a separação dos poderes é pedra basilar do Estado Democrático de Direito – e outra coisa é a tarifa, que é comércio, e no comércio se busca solução”.
Ele ainda acrescentou que o Brasil busca ampliar relações comerciais com os EUA, rebatendo qualquer tentativa de vincular decisões judiciais internas ao tema de tarifas internacionais.
Reação política reforça clima tenso entre os países
O posicionamento de Donald Trump provocou reações imediatas no cenário político brasileiro. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, se posicionou de forma dura e classificou a carta como “chantagem”.
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Para ela, o conteúdo escancara um ataque direto à soberania brasileira: “A carta de Donald Trump a Jair Bolsonaro expõe cruamente a chantagem que estão fazendo contra o Brasil”, afirmou.
No mesmo discurso, Hoffmann argumentou que o líder norte-americano quer condicionar o fim das sanções à desistência do país em julgar Bolsonaro, o que, segundo ela, coloca os interesses do ex-presidente acima da Constituição e da população.
Bolsonaro, por sua vez, reagiu com um vídeo nas redes sociais. No material, agradeceu Trump pela manifestação, leu parte da carta e acusou o processo judicial de tentar afastá-lo da disputa eleitoral: “O objetivo do processo contra mim é alijar a maior liderança de direita da América do Sul”.
Desde o início da ofensiva tarifária, Trump já defendeu publicamente Bolsonaro várias vezes. Na última terça-feira, 15 de julho ele, voltou a se manifestar: “Acredito que isso seja uma caça às bruxas e que não deveria estar acontecendo”.
Leia a carta na íntegra:
“O Honorável
Jair Messias Bolsonaro
38º Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília
Caro sr. Bolsonaro:
Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente! Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país.
Compartilho seu compromisso de ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vindos do atual governo. Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política tarifária. É minha sincera esperança que o Governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar oponentes políticos e acabe com seu ridículo regime de censura. Estarei observando de perto.”
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Fonte: OFuxico