Governo Federal e o governo de São Paulo estão tentando negociar com os Estados Unidos o tarifaço imposto por Trump ao Brasil. O problema é: falar com quem?
As empresas estão falando entre si. Consta que alguns funcionários dos dois governos também. Mas isso chegou à Casa Branca? Ainda não se sabe.
Enquanto isso, as instituições brasileiras deram uma resposta clara a Trump. A Procuradoria-Geral da República e o STF tocaram hoje o julgamento de Jair Bolsonaro como se nada tivesse acontecido. Ou seja, demonstraram que Trump não tem que se meter no funcionamento de instituições brasileiras — não importa a crítica que se faça aqui mesmo a elas.
O tarifaço foi imposto por Trump para evitar que Jair Bolsonaro vá para a cadeia. Nesse sentido, não só não está funcionando, como está implodindo boa parte do que poderia ser uma ampla oposição de “direita” ao governo brasileiro.
É um feito e tanto que vai se agregando ao clã Bolsonaro: desperdiçar a onda disruptiva que levou o capitão ao Palácio do Planalto e tocar um governo que se tornou o maior cabo eleitoral do adversário político. E agora implode também os nomes de presidenciáveis de direita, apequenados pela própria indecisão diante de um tema que não admite tergiversar, hesitar ou duvidar — que é a soberania brasileira.
Até aqui, Trump está produzindo o mesmo resultado verificado em outros países nos quais resolveu interferir diretamente na política doméstica: deu forças aos adversários dele.
Quanto Lula vai saber aproveitar disso, já é outra história.