70% das pessoas com enxaqueca sofrem com bexiga hiperativa, diz estudo

A enxaqueca é uma condição que envolve diferentes sintomas que vão além da dor de cabeça intensa: tontura, sensibilidade à luz, sons e cheiros são alguns deles. Um estudo brasileiro recente mostrou que cerca de 70% dos pacientes com a doença também sofrem com bexiga hiperativa, ou seja, aumento da frequência urinária.

O trabalho será apresentado em setembro no Congresso Internacional de Cefaleia pelo neurologista Tiago de Paula, membro da International Headache Society (IHS) e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC). O trabalho avaliou 808 pacientes com enxaqueca.

De acordo com de Paula, o aumento da frequência urinária é mais comum em pacientes mulheres do que homens, o que pode ser explicado tanto pela maior prevalência da enxaqueca no público feminino quanto por questões hormonais.

“Hormônios como o estrogênio influenciam tanto o limiar de dor quanto o funcionamento do sistema nervoso autônomo, o que pode explicar maior sensibilidade e prevalência dos sintomas em mulheres”, afirma.

Além disso, segundo o especialista, o aumento da frequência urinária pode servir como um sinal preditivo de uma crise de enxaqueca em muitos pacientes. “Em pacientes com a doença crônica, ele aparece independente de o paciente estar apresentando uma crise de dor intensa”, explica.

Relação entre enxaqueca e bexiga hiperativa

A relação entre enxaqueca e o aumento da frequência urinária está na disfunção do sistema nervoso autônomo, que regula funções involuntárias do corpo.

“A disfunção do sistema nervoso autônomo é um mecanismo reconhecido em pacientes com enxaqueca, podendo afetar controle da bexiga, motilidade intestinal, frequência cardíaca, entre outros. A sensibilidade aumentada das vias neurais pode, de fato, levar a sintomas como urgência ou aumento da frequência urinária”, explica de Paula.

Outra explicação possível envolve a serotonina, conhecida popularmente como “hormônio da felicidade”, que é um dos principais neurotransmissores envolvidos na fisiopatologia da enxaqueca.

“Ela também atua no controle da micção, modulando tanto a atividade sensorial da bexiga quanto a atividade do músculo detrusor (que promove o esvaziamento da bexiga). Alterações nos níveis de serotonina podem, portanto, impactar ambos os sistemas”, comenta o especialista.

Tratamento para enxaqueca pode resolver bexiga hiperativa

O tratamento para enxaqueca costuma resolver os sintomas associados, como a bexiga hiperativa, segundo de Paula.

“Hoje, temos opções com a toxina botulínica, realizada no nervo, que ajuda a controlar a enxaqueca ou mesmo os medicamentos monoclonais Anti-CGRPs, que chegaram ao Brasil em 2019 e são os primeiros medicamentos feitos do início ao fim pensando em enxaqueca. Esse tratamento é totalmente seguro e deve ser feito com acompanhamento médico”, afirma.

Se necessário, em casos em que o aumento da frequência urinária é persistente, podem ser associados medicamentos específicos para bexiga hiperativa, como antimuscarínicos ou agonistas beta-3. “Raramente são necessários, exceto se o sintoma for persistente, intenso ou não relacionado diretamente à enxaqueca. A avaliação individual é essencial”, finaliza o médico.

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