Especialistas projetam desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2025, considerando, principalmente, a agropecuária, justificado pelo alta da taxa de juros, já que é um setor sensível ao crédito.
Segundo dados do Banco Central (BC), no Índice de Atividade Econômica referente ao mês de junho, a prévia do PIB para o período acumula alta de 0,3%, abaixo das expectativas do mercado financeiro. Já de acordo com estimativas do Ministério da Fazenda, divulgadas no Boletim Macrofiscal, os indicadores sugerem desaceleração no segundo trimestre, com variação de 0,6% ante alta de 1,3% no primeiro trimestre.
Para a economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) e coordenadora do Monitor do PIB, Juliana Trece, é esperada desaceleração no crescimento do PIB no segundo trimestre principalmente devido a contribuição negativa da agropecuária, sendo esta a atividade que mais teve crescimento no valor adicionado no 1° trimestre.
De acordo com o relatório XP Macro Research, a Agropecuária deve registrar queda modesta no 2º trimestre, após forte avanço no 1º trimestre, ainda refletindo a safra recorde de grãos. “Os setores da Indústria e de Serviços devem mostrar crescimento moderado, com sinais majoritariamente positivos entre seus componentes”, afirma o texto.
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Alta da taxa de juros
Ainda segundo a XP, a piora nas condições de crédito deve pesar sobre a atividade doméstica. No entanto, ainda assim, o firme crescimento da renda deve evitar uma desaceleração econômica mais acentuada. O relatório aponta, ainda, que o mercado de trabalho continua robusto e as transferências fiscais permanecem elevadas, com destaque ao pagamento de precatórios no trimestre corrente.
Para Juliana, a desaceleração do PIB pode ser influenciada pelo ciclo de aperto monetário iniciado no final de 2024 e que deve ficar mais evidente no segundo semestre desse ano. Além disso, há aumento de incertezas devido a guerra comercial dos Estados Unidos e as tarifas impostas ao Brasil.
Além da taxa de juros, o presidente do sindicato dos economistas de São Paulo, Carlos Eduardo Oliveira Jr, aponta que outros fatores podem influenciar no recuo do crescimento do PIB, como a perda do poder de compra no âmbito do consumo das famílias, devido a inflação resiliente, principalmente no setor de serviços, e a desaceleração do crédito.
Ele citou, ainda, o enfraquecimento da agricultura, que teve forte contribuição para elevar as expectativas nos meses anteriores. Para ele, a indústria também apresenta desempenho desigual. “Enquanto segmentos ligados ao bens de capital e automóveis podem reagir positivamente, a indústria extrativista e parte da transformação enfrentam limitações”, disse.
Para ele, também deve haver queda no preço dos minérios. No entanto, o setor de serviços deve manter o crescimento, mas em ritmo menor, refletindo menor expansão no consumo e desaceleração.
Projeções de PIB
- Expectativa do Mercado (Boletim Focus) – 2,21%
- IPEA – 2,4%
- Confederação Nacional da Industria (CNI) – 2,3%
- Ministério da Fazenda – 2,5%
Tarifas de Donald Trump
Segundo apontam especialistas, as tarifas impostas ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já começaram a afetar a economia brasileira. “O ambiente externo está desfavorável. Essa questão das tarifas realmente vai impactar no crescimento do PIB”, avalia Carlos Oliveira.
No começo do mês, Trump sancionou a taxa de 50% para alguns produtos brasileiros. Desde então, o governo tem tentado minimizar os efeitos que as tarifas terão na economia brasileira, no entanto, só é possível saber como as exportações foram impactadas na divulgação da Balança Comercial de Agosto, feita pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIDC).
Fonte: Metrópoles