Em meio à disputa comercial com os Estados Unidos sobre tarifas do aço, o Brasil busca apoio internacional, mas encontra apenas suporte retórico da China, que mantém negociações bilaterais com os americanos para seus próprios interesses comerciais.
Segundo o analista de Internacional da CNN Lourival Sant’Anna, a China, que manifestou apoio ao Brasil na questão das tarifas, está simultaneamente em negociações com os Estados Unidos para aumentar suas importações de soja e carne dos americanos.
Além disso, recentemente obteve concessões significativas, como a liberação para compra dos chips da Nvidia e a suspensão parcial de tarifas.
Histórico de promessas não cumpridas
Segundo Lourival, o padrão de ofertas simbólicas da China ao Brasil não é novidade.
Em 2004, o Brasil reconheceu o status chinês de economia de mercado, renunciando a ações anti-dumping, em troca de um suposto apoio para uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU – promessa que se repetiu duas décadas depois, em 2024, sem resultados concretos.
Enquanto outros países dos Brics, como Índia e África do Sul, já estabeleceram acordos com os Estados Unidos sobre questões tarifárias, o Brasil permanece como único que não conseguiu iniciar diálogo efetivo com os americanos.
A situação se intensifica por questões políticas e diplomáticas, incluindo tentativas frustradas de reuniões entre autoridades brasileiras e americanas.
Para Lourival, a busca por apoio junto a líderes dos Brics neste momento pode ser contraproducente para o Brasil, já que estes países ou já negociaram seus próprios acordos com os Estados Unidos, ou, como no caso da China, mantêm uma postura de apoio meramente discursivo, enquanto priorizam seus interesses comerciais próprios nas negociações com os americanos.