Ícone do samba, Arlindo Cruz morreu nesta sexta-feira (8/8), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. O cantor estava internado desde março, após ser diagnosticado com pneumonia.
O artista enfrentava, desde 2017, as consequências de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico que sofreu enquanto tomava banho. O sangramento no cérebro provocou danos irreversíveis e mudou completamente sua rotina.
“Mesmo após o controle do sangramento, muitas sequelas permanecem, pois o tecido cerebral não se regenera de forma completa. A longo prazo, o paciente pode precisar de reabilitação contínua e apresentar limitações importantes na vida diária”, explica o neurocirurgião Victor Hugo Espíndola, especialista em doenças cerebrovasculares.
Com sequelas graves, Arlindo vivia com mobilidade reduzida, dependia de traqueostomia e se alimentava por sonda, por meio de gastrostomia. Essa condição aumentava o risco de complicações respiratórias, como a pneumonia que levou à sua internação em julho deste ano.
Durante o tratamento, o quadro piorou com a descoberta de uma infecção causada por uma bactéria resistente, e o sambista deixou de responder aos estímulos.
Arlindo Cruz é um dos maiores sambistas brasileiros
Instagram/Reprodução
Arlindo Cruz e Babi
Instagram/Reprodução
Arlindo Cruz teve um AVC em 2017, enquanto tomava banho, e passou a viver de forma debilitada por conta das sequelas causadas pelo derrame
Instagram/Reprodução
Flora é a caçula de Arlindo Cruz
Foto: Instagram/Reprodução
Arlindo Cruz inicia tratamento com óleo de cannabis após AVC
Reprodução/Instagram
Arlindo Cruz e o filho Arlindinho
Reprodução/Instagram
Por que a pneumonia foi tão grave no caso de Arlindo Cruz?
Segundo Paulo Abrão, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), pacientes que já passaram por um AVC, como Arlindo, costumam ter alterações importantes no sistema neurológico e respiratório que favorecem o surgimento de infecções. Um dos problemas mais comuns é a disfagia, ou seja, dificuldade para engolir.
“Isso aumenta o risco de aspiração de saliva, alimentos e líquidos para os pulmões, favorecendo o desenvolvimento de pneumonia”, explica.
Outros fatores também contribuem para o agravamento do quadro. A imobilidade prolongada compromete a ventilação dos pulmões e o próprio estado neurológico reduz a capacidade do organismo de reagir a infecções.
“Nessas condições, uma pneumonia pode evoluir rapidamente para insuficiência respiratória e sepse, tornando-se potencialmente fatal”, acrescenta Espíndola.
Infecção por bactéria resistente e agravamento do quadro
Durante a internação, Arlindo foi diagnosticado com uma infecção causada por uma bactéria resistente, o que dificultou ainda mais o tratamento.
“Uma bactéria resistente é um microrganismo que desenvolveu mecanismos para escapar da ação de antibióticos que antes eram eficazes. Isso limita as opções de tratamento e aumenta o risco de complicações, especialmente em pacientes fragilizados”, afirma Espíndola.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Fonte: Metrópoles