Base secreta de mísseis na Coreia do Norte representa ameaça para os EUA

A Coreia do Norte possui uma base secreta de mísseis, até então não divulgada, perto da fronteira norte com a China, que pode representar uma “ameaça nuclear potencial” para grande parte do Leste Asiático e para os Estados Unidos, de acordo com um novo relatório divulgado na quarta-feira (20).

A base de mísseis de Sinpung-dong está localizada a apenas 27 quilômetros da fronteira com a China.

Acredita-se que ela armazene até nove mísseis balísticos intercontinentais com capacidade nuclear, bem como seus lançadores móveis, segundo o relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, sediado em Washington.

O local é uma dentre as 15 a 20 bases de mísseis balísticos e instalações de armazenamento de ogivas que a Coreia do Norte nunca declarou, afirmou o relatório, que se baseou em análises de imagens de satélite, entrevistas com refugiados e autoridades norte-coreanas, documentos que se tornaram públicos e dados de código aberto.

“Esses mísseis representam uma ameaça nuclear potencial para o Leste Asiático e para os Estados Unidos”, alertou o relatório.


Uma imagem de satélite fornecida pelo Planet Labs mostra a Base Operacional de Mísseis Sinpung Dong na Coreia do Norte • Planet Labs via CNN Newsource

A Coreia do Norte intensificou seu programa de armas nos últimos anos sob o comando do líder Kim Jong Un, modernizando rapidamente suas forças armadas, desenvolvendo novas armas e testando mísseis balísticos intercontinentais que podem atingir praticamente qualquer ponto dos Estados Unidos.

Essas ações violam as sanções das Nações Unidas que limitam rigorosamente o acesso da Coreia do Norte a materiais e armas.

Mas a nação isolada também intensificou a cooperação com a Rússia desde a invasão da Ucrânia por Moscou, enviando tropas para lutar nas linhas de frente – aumentando o receio de que a Rússia possa, em troca, ajudar a impulsionar as tecnologias e linhas de suprimento norte-coreanas.

Esta base secreta faz parte do esforço da Coreia do Norte para reforçar seu programa nuclear, diz o relatório.

Localização da base secreta

A base fica em um estreito vale montanhoso, cortado ao meio por um riacho, e mede 22 km² – maior que o Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York.

Especialistas afirmam que sua localização próxima à fronteira oferece uma vantagem geográfica – países como os Estados Unidos podem ter receio de atacá-la, já que qualquer impacto radioativo pode impactar a China.

“Ao construir bases tão perto da China, a Coreia do Norte também pode tentar alavancar o risco político e a incerteza da resposta de Pequim para dissuadir um ataque”, disse Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.

“Os formuladores de políticas dos EUA e da Coreia do Sul já estão cientes da relutância de Pyongyang em abrir mão dessas capacidades na diplomacia do desarmamento, mas o conhecimento público dessas bases pode levar mais observadores chineses a se ressentirem das tentativas norte-coreanas de envolvimento estratégico”, afirmou o professor.

A construção da base começou em 2004, de acordo com imagens de satélite, e ela está em operação desde 2014, segundo o relatório. Desde então, a base tem sido “bem mantida” e continua em desenvolvimento ativo – potencialmente refletindo os avanços contínuos nos testes de mísseis da Coreia do Norte, acrescentou Easley.

Ainda não está claro qual modelo de míssil balístico está armazenado na base – mas pesquisadores do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais acreditam que ele esteja equipado com o Hwasong-15 ou Hwasong-18 ou um tipo diferente que ainda não foi revelado.

O relatório também afirmou que a base possui lançadores de transporte ou lançadores móveis – que podem disparar rapidamente e se mover para uma nova posição.

“Em tempos de crise ou guerra, esses lançadores e mísseis sairão da base, encontrarão unidades especiais de armazenamento/transporte de ogivas e conduzirão operações de lançamento a partir de locais dispersos e previamente pesquisados”, afirma o relatório.

Instalações e componentes dos mísseis

O relatório também incluiu imagens de satélite que indicaram as diversas instalações da base, incluindo postos de controle de entrada, prédios da sede, armazéns, instalações de apoio a mísseis e pequenos edifícios residenciais.

Alguns deles foram deliberadamente cobertos com árvores e arbustos para esconder suas entradas, o que os torna difíceis de localizar em imagens de satélite, exceto no inverno, “quando a vegetação é escassa”, diz o relatório.

A base secreta faz parte do “cinturão de mísseis” da Coreia do Norte, composto por diversas outras bases – algumas das quais o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais publicou relatórios separados.

Esses relatórios constituem os principais componentes da “estratégia de mísseis balísticos em evolução” de Pyongyang e das crescentes capacidades de dissuasão e ataque nuclear em nível estratégico.

Acredita-se que a Coreia do Norte possua entre 40 e 50 ogivas nucleares, além de meios para lançá-las por toda a região e, potencialmente, para o território continental dos EUA.

Kim Jong Un também intensificou sua retórica nos últimos anos, prometendo fortalecer o programa nuclear do país e ameaçando usá-lo para destruir a Coreia do Sul em caso de ataque.

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