Carlos Gustavo Poggio, professor de Ciência Política do Berea College, analisou, durante o WW, que possíveis acordos de cessar-fogo no conflito entre Rússia e Ucrânia podem servir como estratégia para Vladimir Putin ganhar tempo e alcançar objetivos mais amplos na região.
De acordo com Poggio, a complexidade das negociações envolve não apenas questões territoriais de áreas ocupadas e anexadas pela Rússia, mas principalmente a questão da soberania ucraniana. O especialista destaca que a exigência fundamental russa é impedir a autonomia da Ucrânia, seja por meio de ocupação militar direta ou por compromissos que limitem sua aproximação com a Otan e União Europeia.
O especialista ressalta que essa análise não se baseia em especulações, mas em um padrão observado ao longo de mais de duas décadas, incluindo declarações abertas de membros do governo russo na televisão estatal. Para a Ucrânia, argumenta Poggio, o conflito possui caráter existencial, pois está em jogo a própria sobrevivência do país como estado independente.
Poggio alerta que o objetivo russo seria consolidar os ganhos territoriais atuais para facilitar futuras ocupações, visando eventualmente a incorporação da Ucrânia em uma visão de um grande império russo. Ele observa que esta perspectiva se alinha com uma visão geopolítica que privilegia áreas de influência e o uso da força bruta em detrimento do direito internacional.