Cursos de saúde EaD podem comprometer formação, dizem especialistas

O ensino remoto se popularizou na pandemia e, em parte da área da saúde, não desapareceu. Um decreto publicado em maio proibiu a educação a distância (EaD) em cursos como medicina, enfermagem, odontologia e psicologia, mas ainda permite que outras graduações, como fisioterapia e nutrição, funcionem em modelo híbrido.

Para os especialistas ouvidos pelo Metrópoles, a formação em saúde não se limita ao domínio teórico, mas exige contato humano e vivência prática desde os primeiros anos.

“Os cursos EaD e semipresenciais não garantem a preparação humanista, prática e atitudinal necessária para a segurança do paciente”, afirma Raphael Ferris, presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional de São Paulo (Crefito-3).

Segundo ele, competências como realizar exames físicos detalhados, interpretar reações sutis dos pacientes ou tomar decisões rápidas sob pressão não podem ser adquiridas fora do ambiente clínico real.

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Impacto na qualidade da formação

Entre os riscos apontados está o atraso na integração entre teoria e prática, o que compromete a qualidade da assistência no futuro. A professora Vanessa Fonseca Vilas Boas, do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (Unifae), explica que a ausência de experiências clínicas precoces fragiliza o raciocínio clínico e reduz a proficiência em habilidades motoras essenciais.

“Sem a vivência presencial, o estudante demora a desenvolver empatia e atitudes centradas na pessoa, fundamentais para o cuidado em saúde”, diz.

Outro ponto destacado por docentes é a perda de oportunidades de aprendizagem em equipe. O trabalho interprofissional, defendido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como estratégia para reduzir erros e melhorar a segurança do paciente, depende de experiências compartilhadas entre diferentes cursos e dificilmente pode ser replicado em plataformas digitais.

Acesso versus qualidade

Um dos argumentos a favor do ensino a distância é a possibilidade de ampliar o acesso ao ensino superior. No entanto, para o professor Silas Antonio Juvencio de Freitas Filho, também da Unifae, esse benefício não é mais importante que a qualidade.

“O acesso por si só não pode se sobrepor à segurança do paciente e ao compromisso ético com a sociedade. A saúde lida diretamente com vidas humanas, e qualquer fragilidade no processo educacional se reflete no cuidado oferecido à população”, ressalta.

Riscos para o sistema de saúde

Na avaliação de Ferris, a médio e longo prazo, a formação precária de profissionais pode sobrecarregar ainda mais o Sistema Único de Saúde (SUS). “O impacto direto será o aumento de erros diagnósticos e de procedimento, a queda na qualidade da assistência e a judicialização da saúde. Em última análise, essa política representa uma ameaça à segurança e à saúde da população brasileira”, alerta.

Para os especialistas, embora o decreto tenha limitado a graduação integralmente a distância, a manutenção de brechas para cursos híbridos ainda representa um risco para a qualidade da formação e para a confiança da população no atendimento de saúde.

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Fonte: Metrópoles

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