Luis Fernando Verissimo, um dos maiores cronistas brasileiros, faleceu neste sábado (30), aos 88 anos, deixando um legado literário que, segundo amigos próximos, permanecerá eterno como o de seu pai, Erico Veríssimo. O escritor enfrentava problemas de saúde desde 2001, que afetaram sua capacidade de comunicação.
Em depoimento emocionado, o escritor e jornalista Eduardo Bueno, que manteve uma amizade de quatro décadas com Verissimo, destacou a singularidade do autor no cenário literário nacional. “Ele conseguiu fazer uma crônica de costumes que mesclava história da vida privada com crítica política, sem o peso da polarização”, ressaltou Bueno.
Uma obra que transcende gerações
Verissimo construiu sua própria identidade literária, mesmo seguindo os passos do pai, Erico Veríssimo, considerado um dos pilares da literatura gaúcha e latino-americana. Seus personagens memoráveis, como o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté, consolidaram-se como símbolos do humor brasileiro.
O cronista destacou-se por sua capacidade de análise social através do deboche refinado, mantendo sempre a elegância no texto. Mesmo com posições políticas claras, nunca perdeu a capacidade de análise crítica da realidade brasileira, preservando seu humor característico mesmo em tempos de polarização.
O homem além das crônicas
Bueno revelou aspectos pessoais de Verissimo, descrevendo-o como um homem de poucas palavras, mas de frases precisas e impactantes. Apaixonado por jazz, teve a oportunidade de assistir apresentações de lendas como Charlie Parker e Dizzy Gillespie durante sua juventude nos Estados Unidos.
O papel fundamental de Lúcia Helena Massa, esposa de Veríssimo por 61 anos, também foi destacado. Ela não apenas o apoiou durante os anos de enfermidade, mas também foi essencial para a manutenção de sua produção literária, auxiliando-o inclusive com as questões técnicas do dia a dia.