Em ata, Copom diz que impactos do tarifaço ainda são “incertos”

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou, nesta terça-feira (5/8), a ata referente à reunião de julho. Segundo o Copom, a imposição de tarifas unilaterais de 50% pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras “tem impactos setoriais relevantes” e “impactos agregados ainda incertos” a depender de como se encaminharão as negociações.

Para o colegiado, o conjuntura externa “está mais adverso e incerto”. Eles ressaltam que a política fiscal e a política comercial norte-americanas tornam o “cenário mais incerto e mais adverso”.

“Se, de um lado, a aprovação de alguns acordos comerciais, assim como os dados recentes de inflação e atividade da economia norte-americana poderiam sugerir uma situação de redução da incerteza global, de outro, a política fiscal e, em particular para o Brasil, a política comercial norte-americanas tornam o cenário mais incerto e mais adverso”.

O Banco Central informou que acompanha “com atenção” os possíveis impactos sobre a economia real e sobre os ativos financeiros provocados pelo tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

“A avaliação predominante no comitê é de que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, afirmou em trecho do documento.

O tarifaço de Donald Trump

  • O presidente norte-americano Donald Trump assinou, em 31 de julho, ordem executiva que oficializou a tarifa de 50% contra os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos.
  • Na prática, os 50% são a soma de uma alíquota de 10% anunciada em abril, com 40% adicionais anunciados no começo do mês e oficializados na última quarta-feira (30/7).
  • Apesar disso, o líder norte-americano deixou quase 700 produtos fora da lista de itens afetados pela tarifa extra de 40%. Entre eles, suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro.
  • Os produtos isentos dessa segunda leva serão afetados apenas com a taxa de 10%.
  • A previsão do governo dos EUA é de que o tarifaço entre em vigor em 6 de agosto, ou seja, nesta quarta-feira.

A cúpula do BC ainda ressaltou que, “como usual”, “focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica de inflação interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo”.

“O comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, destacou.

Desse modo, para assegurar a convergência da inflação à meta, o Copom reforçou a necessidade de ter uma política monetária “em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.

Selic em 15% ao ano

Na ata, o comitê explica os motivos que levaram ao fim do ciclo de altas na taxa básica de juros, a Selic. A taxa foi mantida em 15% ao ano, após sete aumentos consecutivos.

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O ciclo de aperto monetário teve início em setembro do ano passado, quando o comitê decidiu interromper o ciclo de cortes e elevar a Selic, que passou dos então 10,50% ao ano para 10,75% ao ano.

A Selic está no patamar mais elevado em quase 20 anos. Conforme dados da série histórica, a taxa de juros é a maior desde julho de 2006, época do fim do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Entenda a situação dos juros no Brasil

  • A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
  • Os integrantes do Copom são responsáveis por decidir se vão cortar, manter ou elevar a taxa Selic. Uma vez que a missão do BC é controlar o avanço dos preços de bens e serviços do país.
  • Ao aumentar os juros, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país.
  • Dessa forma, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para consumidores e produtores.
  • Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula (PT) e o mandato de Galípolo à frente do BC.
  • A próxima reunião do Copom está prevista para os dias 16 e 17 de setembro.

Na ata, o comitê ressaltou que o ciclo de altas foi “rápido e firme”, mesmo tendo sido iniciado em setembro do ano passado. O Copom decidiu interromper as elevações da Selic para “observar os efeitos” do aperto monetário empreendido e, assim, avaliar se a taxa Selic atual é apropriada para assegurar a convergência da inflação à meta.

Segundo a diretoria do BC, a taca de juros “deve permanecer em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado devido às expectativas desancoradas”.

“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, pontuou.

Calendário do Copom

— Reuniões em 2025:

  • 28 e 29 de janeiro
  • 18 e 19 de março
  • 6 e 7 de maio
  • 17 e 18 de junho
  • 29 e 30 de julho
  • 16 e 17 de setembro
  • 4 e 5 de novembro
  • 9 e 10 de dezembro

— Reuniões em 2026:

  • 27 e 28 de janeiro
  • 17 e 18 de março
  • 28 e 29 de abril
  • 16 e 17 junho
  • 4 e 5 de agosto
  • 15 e 16 de setembro
  • 3 e 4 de novembro
  • 8 e 9 de dezembro



Fonte: Metrópoles

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