É comum ver o corpo de uma pessoa tremer nos dias mais gelados do inverno. Esse movimento involuntário é a forma que o organismo encontra para gerar calor e se proteger do frio intenso.
Quando a temperatura cai, sensores espalhados pela pele e dentro do corpo enviam sinais ao cérebro. A mensagem chega ao hipotálamo, região que funciona como o regulador da temperatura do corpo. É ele que aciona os músculos para contraírem e relaxarem rapidamente, em um movimento involuntário que gera calor.
“O tremor que ocorre quando estamos em ambiente frio é um tremor fisiológico, ou seja, não associado a nenhuma doença, e ocorre para regular nossa temperatura corporal”, explica a neurologista Thaís Augusta Martins, coordenadora de Neurologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
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Função do tremor
O mecanismo funciona como um aquecedor interno. A contração rápida dos músculos consome energia e, ao transformá-la em calor, ajuda a impedir que a temperatura corporal caia além do limite seguro.
“A função principal é produzir calor para impedir que a temperatura interna caia abaixo de cerca de 36,5 °C”, detalha Marcos Alexandre Carvalho Alves, coordenador de Neurologia do Hospital Mater Dei Goiânia.
As pessoas sentem frio de formas diferentes?
Nem todas as pessoas, no entanto, tremem da mesma forma. Crianças pequenas têm pouca capacidade de gerar calor pelo tremor e dependem mais de outras estratégias de proteção. Já idosos apresentam resposta reduzida por conta da menor massa muscular e de um sistema de regulação menos eficiente.
“Pessoas com maior massa muscular ou metabolismo acelerado geram calor mais facilmente”, acrescenta Marcos Alexandre. Condições de saúde, como distúrbios hormonais ou desnutrição, também podem alterar essa resposta.
E quando não há tremor?
Em alguns casos, a sensação de frio intenso não vem acompanhada de tremores. Isso ocorre porque o corpo tem outros recursos para evitar a perda de calor.
Entre eles estão a vasoconstrição cutânea, que diminui a circulação na pele; a piloereção, conhecida como arrepio; e até mudanças de comportamento, como procurar abrigo ou se agasalhar. “Essas manifestações também fazem parte do mecanismo de termorregulação controlado pelo hipotálamo”, reforça Thaís.
Risco de hipotermia
O tremor, porém, tem um limite. Em situações de frio extremo, os músculos entram em exaustão e o movimento involuntário pode cessar. “Isso não significa melhora, mas sim piora. O corpo perdeu a capacidade de se aquecer sozinho”, alerta Marcos Alexandre.
Thaís acrescenta que a queda da temperatura corporal abaixo de 32 °C caracteriza hipotermia moderada, momento em que os tremores diminuem e já aparecem alterações cardíacas e respiratórias. Sem intervenção, o quadro pode evoluir para falência múltipla de órgãos e até óbito.
Por isso, os especialistas alertam que é importante não ignorar os sinais que o corpo dá e se manter aquecido e ao abrigo de ambientes internos sempre que possível.
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Fonte: Metrópoles