De tempos em tempos, uma nova receita ganha popularidade nas redes sociais. A tendência atual é a chamada “farinha da felicidade”, mistura que combina ingredientes como linhaça, chia, aveia, psyllium, banana verde e até maca peruana.
A mistura é divulgada como aliada do emagrecimento, do controle da diabetes, da aceleração do metabolismo e do equilíbrio intestinal. No entanto, especialistas explicam que os efeitos não são milagrosos.
A nutricionista Beatriz Campos, que atua no Rio de Janeiro, explica que alguns dos ingredientes podem ser benéficos, mas o consumo deve ser feito com cautela.
“Essas sementes e fibras podem ajudar na saúde digestiva e até contribuir para o controle do peso. Porém, não existe comprovação científica de que essa farinha seja uma solução rápida para emagrecer ou tratar doenças”, afirma.
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Benefícios dos ingredientes
A receita da “farinha da felicidade” pode variar e alguns componentes da mistura são de fato nutritivos. Linhaça, chia, amêndoas e gergelim são fontes de gorduras boas que favorecem a saúde cardiovascular, ajudando na redução do colesterol e na modulação da inflamação.
Já a beterraba e a ora-pro-nóbis oferecem vitaminas, polifenóis e carotenoides que fortalecem a imunidade e têm ação antioxidante.
A maca peruana, frequentemente presente nas receitas, é associada ao aumento de energia, vitalidade e libido, além de fornecer proteínas vegetais que auxiliam na manutenção da massa muscular. Psyllium, banana verde e aveia completam a lista como aliados do intestino, já que suas fibras solúveis regulam o trânsito intestinal e servem de alimento para a microbiota.
Apesar dos benefícios, Beatriz reforça que exageros podem ser prejudiciais. “O excesso pode causar desconfortos gastrointestinais, desequilíbrio nutricional e até sobrecarga de algumas substâncias que não são necessárias em grandes quantidades no organismo. O ideal é avaliar caso a caso com um nutricionista”, destaca.
Quem deve ter cuidado com a farinha
A nutricionista ressalta que pessoas com alergias alimentares, intolerância ao glúten ou hipersensibilidade a sementes podem ter reações adversas. Além disso, indivíduos com histórico de cálculos renais devem moderar o consumo de alimentos ricos em oxalato, como a chia.
Além disso, o acompanhamento profissional é fundamental para quem tem doenças renais, distúrbios hormonais ou outras condições crônicas. “Cada organismo responde de uma forma, por isso não existe uma recomendação única de consumo seguro”, afirma Beatriz.
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Dieta Dash – A sigla significa, em português, Métodos para Combater a Hipertensão e foca não só em diminuir a quantidade de sódio ingerida, mas em alimentos ricos em proteínas, fibras, potássio, magnésio e cálcio. A dieta tem 20 anos e é reconhecida por várias publicações científicas pela eficiência em reduzir a pressão arterial e controlar o peso
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Dieta Mediterrânea – Baseada em alimentos frescos, escolhidos conforme a estação do ano, e naturais, é interessante por permitir consumo moderado de vinho, leite e queijo. O cardápio é tradicional na Itália, Grécia e Espanha, usa bastante peixe e azeite, e, desde 2010, é considerado patrimônio imaterial da humanidade. Além de ajudar a perder peso, diminui o risco de doenças cardiovasculares
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Dieta Flexitariana – Sugere uma redução de até 70% do consumo de carne, substituindo a proteína animal por vegetais, frutas, sementes, castanhas e cereais. Com o regime, o organismo ficaria mais bem nutrido e funcionaria melhor. É recomendado começar trocando a carne vermelha por frango ou peixe e procurar um nutricionista para acompanhar a necessidade de suplementação de vitamina B12, encontrada em alimentos de origem animal
Dose Juice/Unsplash4 de 10
Dieta MIND – Inspirada nas dietas Mediterrânea e Dash, a MIND é feita especificamente para otimizar a saúde do cérebro, cortando qualquer alimento que possa afetar o órgão e focando em nozes, vegetais folhosos e algumas frutas. Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos descobriu que os pacientes que seguiram a dieta diminuíram o risco de Alzheimer de 35% a 53%, de acordo com a disciplina para seguir as recomendações
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Dieta TLC – Criada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, pretende cortar o colesterol para melhorar a alimentação dos pacientes. São permitidos vegetais, frutas, pães integrais, cereais, macarrão integral e carnes magras. Há variações de acordo com cada objetivo, como melhorar o colesterol e perder peso
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Dieta Nórdica – Como o nome sugere, a dieta é baseada na culinária de países nórdicos e dá bastante enfoque ao consumo de peixes (salmão, arenque e cavala), legumes, grãos integrais, laticínios, nozes e vegetais, além de óleo de canola no lugar do azeite. Segundo a OMS, o regime reduz o risco de câncer, diabetes e doenças cardiovasculares
David B Townsend/Unsplash7 de 10
Dieta Volumétrica – Criada pela nutricionista Barbara Rolls, a ideia é diminuir a quantidade de caloria das refeições, mas mantendo o volume de alimentos ingeridos. São usados alimentos integrais, frutas e verduras que proporcionam saciedade e as comidas são divididas pela densidade energética
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Vigilantes do Peso – O programa existe há mais de 50 anos e estabelece uma quantidade de pontos para cada tipo de alimento e uma meta máxima diária para cada pessoa, que pode criar o próprio cardápio dentro das orientações. Além disso, há o incentivo a atividades físicas e encontros entre os participantes para trocar experiências
Ola Mishchenko/Unsplash9 de 10
Dieta Mayo Clinic – Publicada em 2017 pelos médicos da Mayo Clinic, um dos hospitais mais reconhecidos dos Estados Unidos, o programa é dividido em duas partes: perca e viva. Na primeira etapa, 15 hábitos são revistos para garantir que o paciente não desista e frutas e vegetais são liberados. Em seguida, aprende-se quantas calorias devem ser ingeridas e onde encontrá-las. Nenhum grupo alimentar está eliminado e tudo funciona com equilíbrio
Rui Silvestre/Unsplash10 de 10
Dieta Asiática – O continente é enorme, mas há traços comuns na gastronomia de toda a região. Uma ONG de Boston definiu uma pirâmide alimentar baseada nos costumes orientais: vegetais, frutas, castanhas, sementes, legumes e cereais integrais, assim como soja, peixe e frutos do mar são muito usados, enquanto laticínios, ovos e outros óleos podem ser consumidos em menor frequência. A dieta pede também pelo menos seis copos de água ou chá por dia, e saquê, vinho e cerveja podem ser degustados com moderação
Sharon Chen/Unsplash
Como emagrecer de forma saudável
Para quem busca o emagrecimento saudável, a resposta não está em produtos “mágicos”. O nutricionista Matheus Motta, também do Rio de Janeiro, destaca que a rotina alimentar e de exercícios tem mais impacto do que qualquer mistura.
“Por conta da agitação do dia a dia, muitas vezes as pessoas deixam de lado práticas simples que poderiam resultar em mais qualidade de vida, como uma boa alimentação, exercícios diários e descanso adequado”, explica.
O processo de perda de peso envolve planejamento e consistência. Isso inclui desde a escolha do que comprar no supermercado até a forma de cozinhar e a regularidade das atividades físicas.
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Fonte: Metrópoles