Menos de um mês após as críticas ao Pix do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, saiu em defesa do sistema de pagamentos instantâneos e classificou a ferramenta como estratégica para o Brasil.
Durante participação no evento Blockchain.RIO desta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro, Galípolo lamentou as falsas narrativas que têm sido construídas em torno do Pix e destacou os avanços promovidos pela tecnologia, especialmente em relação à inclusão financeira.
Segundo ele, a ferramenta de pagamento instantâneo do BC contribuiu para ampliar o acesso da população à infraestrutura bancária do país, com mais de 858 milhões de chaves cadastradas e cerca de 250 milhões de transações realizadas por dia.
“Infelizmente, a gente está num momento onde, muitas vezes, as coisas são complexas de se compreender e elas são capturadas por algum tipo de debate onde as versões podem ser muitas vezes mais interessantes do que os fatos”, afirmou.
No último dia 15 de julho, os Estados Unidos anunciaram uma investigação comercial contra o Brasil que inclui o Pix.
O Escritório da Representação Comercial dos EUA (USTR) afirmou que irá apurar se as práticas brasileiras ligadas ao comércio digital e tarifas preferenciais são “irracionais ou discriminatórias” e se impõem barreiras ao comércio americano.
Ao rebater a tese de que o Pix teria causado prejuízos a bancos, Galípolo apresentou dados que apontam justamente o contrário: entre 2020 e 2024, as transações com cartões de crédito cresceram 20,9%, contra 13,1% no período anterior, de 2009 a 2019.
“Os cartões de débito, pré-pago e, em especial, os de crédito, apresentam uma taxa de crescimento maior do que antes do advento do Pix. O que elimina qualquer ideia de rivalidade ou de que um estaria canibalizando o outro, a partir de alguma lógica que possa tentar ser apresentada”, disse o presidente do BC.