Coroa de diamantes, palácios e cavalaria: símbolos tradicionais de um sistema que resiste ao tempo. Para além das tradições, os ritos da realeza apontam para a monarquia parlamentarista, um modelo governista quase em extinção no cenário internacional.
A monarquia parlamentarista é um do regimes políticos mais antigos ainda vigentes e começou na Revolução Inglesa, em 1641.
Nesta forma de governo, o monarca atua como chefe de Estado com poderes limitados pela constituição. O rei então assume uma figura de moderação, com o poder de nomear e demitir ministros. A sucessão geralmente é hereditária, mas pode ser eletiva em raros casos.
A condução política do país, no entanto, é feita por um parlamento e um primeiro-ministro, que são eleitos democraticamente pelo povo.
O sistema se difere da monarquia absolutista, onde o rei exerce poder total e não precisa prestar contas ao parlamento ou à população. Atualmente, existem apenas seis monarquias absolutistas, a maioria delas localizada no Oriente Médio: Arábia Saudita, Brunei, Omã, Catar, Emirados Árabes Unidos e Reino de eSwatini.
Poderes limitados e influência simbólica
Apesar de terem funções restritas e de não participarem das decisões políticas do governo, monarcas ainda exercem um papel importante como símbolo de unidade nacional, tradição e continuidade institucional.
A figura do monarca preserva a continuidade histórica do país, mesclando tradições antigas e novidades em um mundo globalizado.
Em entrevista à CNN, o professor de Relações Internacionais Marcus Vinícius de Freitas detalhou que a monarquia parlamentarista, “é simbólica e constitucional, jamais hierárquica ou subordinada. O monarca reina, mas não governa”.
No caso do Reino Unido, por exemplo, países que mantêm laços com a coroa britânica como Austrália, Jamaica e Canadá, já discutiram planos para eventualmente romper com a monarquia britânica e adotar modelos republicanos.
Embora represente uma estrutura antiga, a monarquia parlamentarista continua sendo mantida por nações com democracias consolidadas.
“A monarquia, para manter seu lugar simbólico, precisará demonstrar constante adaptação e compromisso com os valores do presente, sob pena de tornar-se um ornamento cerimonial de um tempo que já passou”, afirma o professor.
Países governados por monarquias parlamentares

Atualmente, 10 países adotam a monarquia parlamentarista como forma de governo. Entre eles estão o Reino Unido e o Japão.
O rei Charles é o chefe de Estado na Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales. Além disso, Charles é o monarca em outros 14 países soberanos e independentes, que mantêm vínculos históricos com a Coroa Britânica.
Já no Japão, o imperador Naruhito cumpre funções simbólicas e protocolares. Cabe a ele, por exemplo, indicar formalmente o primeiro-ministro e o presidente da Suprema Corte, sempre com base em decisões parlamentares.
Veja a lista de países que adotam a monarquia parlamentarista:
- Reino Unido
- Canadá
- Austrália
- Espanha
- Japão
- Bélgica
- Noruega
- Suécia
- Holanda
- Dinamarca
Soft Power
Por sua tradição e história, o modelo de governança da monarquia parlamentarista, em especial a britânica, é reconhecida pelo “soft power” – a habilidade de influenciar outras nações e posicionamentos sem o uso de força ou imposição.
A estratégia utiliza-se de prestígio, força e credibilidade já atribuídas à monarquia em questão para se destacar, descartando o uso do seu poderio militar.
Mesmo com transformações políticas e sociais ao longo dos séculos, a monarquia segue resistindo ao tempo. Hoje, seu papel é tido como uma representação histórica de nações, além de oferecer um elo entre o passado e o presente.
O papel simbólico do monarca reflete, sobretudo, uma identidade nacional. Sua autoridade, porém, é exercida apenas onde há consentimento explícito e renovado.
“O respeito que a monarquia ainda inspira é fruto de sua capacidade de simbolizar estabilidade em meio à mudança – e esse talvez seja seu maior trunfo”, diz o Marcus Vinícius de Freitas.