O setor empresarial brasileiro demonstra crescente preocupação com o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos e a aparente ausência de caminhos diplomáticos para resolver a situação. A avaliação foi compartilhada pelo ex-diretor-geral da OMC Roberto Azevêdo, durante o WW. Segundo ele, que mantém contato frequente com diversos setores afetados pela medida, a situação é motivo de grande alerta.
Segundo Azevêdo, há dois pontos cruciais que preocupam o empresariado. O primeiro é a percepção equivocada de que o tarifaço “não foi tão ruim assim” devido às exceções concedidas. “É como ter uma arma apontada para a cabeça e, em vez de ser executado, perder apenas um braço. Não há motivo para satisfação”, exemplificou.
Os setores afetados representam milhares de empregos e famílias que sofrerão as consequências diretas das tarifas impostas. A situação é agravada pela ausência de canais efetivos de negociação entre os dois países.
Azevêdo destacou que as exceções concedidas pelos Estados Unidos em cerca de 600 linhas tarifárias não foram resultado de concessões brasileiras ou negociações bilaterais. Ao contrário, foram decisões baseadas nos próprios interesses americanos, após empresas demonstrarem que as sanções seriam prejudiciais à economia dos EUA.
A falta de um caminho diplomático tradicional tem levado o setor privado a buscar alianças e canais alternativos nos Estados Unidos. No entanto, Azevêdo ressalta que todos os caminhos atualmente convergem para a Casa Branca, onde não há aparente disposição para diálogo ou negociação que possa aliviar a situação.