O presidente russo, Vladimir Putin, apresentou suas exigências para uma “troca de territórios” com a Ucrânia durante sua cúpula de cerca de três horas com o presidente Donald Trump na sexta-feira (15), incluindo sua insistência de que a Ucrânia ceda a região de Donbas, no leste do país, para o fim da guerra.
A informação foi repassada por autoridades europeias com base no relato que Trump fez da reunião a seus colegas posteriormente.
Segundo essas autoridades, Putin disse que, em troca, estaria disposto a congelar as linhas de frente atuais no restante da Ucrânia — nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia — e concordar com uma promessa de não atacar novamente a Ucrânia ou outros países europeus.
No entanto, ele não abriu mão da exigência de eliminar o que a Rússia chama de “causas fundamentais” da guerra — um código para a redução do tamanho das Forças Armadas da Ucrânia, a renúncia às aspirações de ingressar na Otan e a transformação do país em um Estado neutro.
Os detalhes das condições de Putin vieram à tona quando Trump informou os líderes europeus sobre a conversa, ao retornar a Washington na madrugada de sábado (16). De acordo com os relatos, Trump afirmou acreditar que um acordo poderia ser alcançado rapidamente se as exigências de Putin fossem atendidas, e que discutiria o assunto com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na Casa Branca na segunda-feira (18).
Líderes europeus disseram ainda que Trump se mostrou aberto a oferecer garantias de segurança dos EUA à Ucrânia após o fim da guerra, embora os detalhes do que ele estaria disposto a fornecer ainda não estejam claros.
De forma geral, o relato de Trump sobre a reunião gerou pouco otimismo entre os líderes europeus, embora as respostas públicas ao encontro tenham sido cautelosas, para evitar contradizê-lo.
A Casa Branca não respondeu aos pedidos de comentário sobre os detalhes da cúpula entre Trump e Putin, e o presidente americano afirmou, em entrevista, que preferia manter os detalhes do encontro em sigilo.
Entenda a guerra na Ucrânia
A Rússia iniciou a invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022 e detém atualmente cerca de um quinto do território do país vizinho.
Ainda em 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, decretou a anexação de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia.
Os russos avançam lentamente pelo leste e Moscou não dá sinais de abandonar seus principais objetivos de guerra. Enquanto isso, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, pressiona por um acordo de paz.
A Ucrânia tem realizado ataques cada vez mais ousados dentro da Rússia e diz que as operações visam destruir infraestrutura essencial do Exército russo.
O governo de Putin, por sua vez, intensificou os ataques aéreos, incluindo ofensivas com drones. Os dois lados negam ter como alvo civis, mas milhares morreram no conflito, a grande maioria deles ucranianos.
Acredita-se também que milhares de soldados morreram na linha de frente, mas nenhum dos lados divulga números de baixas militares. Os Estados Unidos afirmam que 1,2 milhão de pessoas ficaram feridas ou mortas na guerra.