Um estudo internacional comprovou a eficácia da vacina TAK-003, conhecida como Qdenda, no combate à dengue em adolescentes. A pesquisa foi conduzida no Brasil por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e foi publicada na terça-feira (19) na renomada revista científica The Lancet Infectious Diseases.
A vacina já foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para pessoas de quatro a 60 anos e introduzida no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023. Atualmente, ela é aplicada gratuitamente na população de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue após os idosos.
O estudo foi realizado durante a epidemia histórica de dengue que atingiu o país em 2024, matando mais de seis mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde. Foram verificados mais de 92 mil testes de jovens na faixa etária em foco no estado de São Paulo. A pesquisa utilizou o método “teste-negativo” (padrão em estudos de vacinas) e cruzou dados de vigilância epidemiológica com registros de vacinação.
Segundo os resultados da pesquisa, uma única dose oferece 50% de proteção contra casos sintomáticos de dengue, e 67,5% contra hospitalizações. Já a segunda dose aumentou a eficácia contra sintomas para 61,7%, com proteção já a partir do oitavo dia após a aplicação da primeira dose.
Além disso, o trabalho confirmou que a vacina é eficaz contra os sorotipos 1 e 2, predominantes na epidemia de 2024. A análise pontuou, ainda, que a proteção da primeira dose diminuiu após 90 dias, trazendo à tona a necessidade de completar o esquema vacinal de duas doses para garantir a proteção prolongada.
Segundo Júlio Croda, pesquisador da Fiocruz Mato Grosso do Sul e coordenador do estudo, essa é a primeira evidência significativa, para além dos ensaios clínicos, de que a vacina TAK-003 é eficaz. “Isso pode salvar vidas e desafogar os hospitais durante epidemias”, afirma.
Na visão dos pesquisadores, com a expansão da dengue impulsionada pelas mudanças climáticas, a evidência brasileira pode influenciar políticas públicas e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso da TAK-003 em campanhas emergenciais e proteção de viajantes para áreas endêmicas.
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