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Análise: Economia dos EUA dá sinais preliminares de estagflação

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Análise: Economia dos EUA dá sinais preliminares de estagflação

Dois relatórios importantes divulgados na quinta-feira (11) indicaram que a economia dos Estados Unidos pode estar entrando em um estado inicial de estagflação — uma combinação tóxica de crescimento econômico lento e preços em alta.

Essa é uma combinação particularmente problemática porque, em tempos normais, o crescimento econômico lento deveria puxar os preços para baixo, não para cima.

É economia básica: quando as pessoas estão desempregadas ou preocupadas em perder seus empregos, elas gastam menos, levando as empresas a reduzirem os preços. Se as pessoas não podem pagar por produtos, mas os preços sobem mesmo assim, isso é sinal de que algo está seriamente errado.

Veja:

“O indício de estagflação está ficando mais forte”, escreveu Jason Furman, professor de economia de Harvard, na rede social Bluesky na quinta-feira (11). “Não há boas opções para o Fed diante das circunstâncias que estamos enfrentando.”

Vamos contextualizar.

“Estagflação” é uma palavra que combina estagnação e inflação, e é um diagnóstico assustador para qualquer economia.

Pense no período inflacionário de 2022 — os preços estavam altos e subindo mais rapidamente do que a maioria dos americanos já havia experimentado, o que foi péssimo.

Mas havia um mercado de trabalho aquecido sustentando essa inflação. Os salários (no geral) estavam subindo e os cheques de estímulo ainda reforçavam as carteiras das pessoas, então a situação era um pouco mais administrável.

Retire o mercado de trabalho aquecido e você tem apenas o problema da inflação somado ao problema do desemprego crescente. Problema duplo.

Isso é difícil para os consumidores por razões óbvias. Também é um quebra-cabeça político para o pessoal do Federal Reserve – que, além de fazer seu trabalho regular, está lidando com a Casa Branca tentando demiti-los ou pressioná-los a fazer a vontade do presidente Donald Trump.

O papel do Fed é basicamente trabalhar com os pedais do acelerador e do freio da economia. Quando a inflação fica muito alta, o banco central aumenta as taxas de juros, efetivamente pisando no freio.

Quando o desemprego sobe, o banco central geralmente reduz as taxas de juros para tentar dar um gás na economia.

O Fed simplesmente não tem a capacidade de desacelerar e acelerar ao mesmo tempo. Não pode estimular o emprego sem também estimular os preços.

É por isso, em parte, que a reunião de política monetária na próxima semana será ainda mais minuciosamente analisada do que o normal.

Outro motivo é que o principal assessor econômico de Trump, Stephen Miran, pode receber a confirmação do Senado para o Conselho de Governadores do Fed, composto por sete membros, já na segunda-feira (15), pouco antes do início da reunião de dois dias do banco central na terça-feira (16).

Alerta de spoiler: O Fed quase certamente reduzirá as taxas de juros na próxima semana, como indicou o presidente Jerome Powell, citando a recente fragilidade no mercado de trabalho.

A questão é o tamanho desse corte, e se a redução padrão de 0,25 ponto percentual ou 0,5 ponto percentual será suficiente para afastar Trump – que deseja cortes muito mais agressivos – das costas do Fed.

Tradução revisada por André Vasconcelos

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