A SW4 de placas QSG6J26 que está à disposição do diretor-geral de Polícia Civil, Henrique Maciel, acautelado pela justiça e proibido de rodar nos finais de semana, percorreu várias regiões de Rio Branco aos sábados, domingos e feriados – quando não há expediente público. O próprio diretor assinou portaria proibindo o uso fora da escala.
O relato de testemunhas, internautas que auxiliam as investigações contra o delegado (acusado por improbidade), indicam que o veículo trafega sempre nos mesmos horários – com diferença de minutos a depender do dia – com mais frequência na Avenida Getúlio Vargas (entre 18h e 23h), subindo a ladeira em direção à parte alta da cidade; Na Rua Boulevard Augusto Monteiro, no Bairro 15 (nas primeiras horas da manhã); e na Via Chico Mendes (entre meio-dia e 17 horas). Esse testemunho está sendo levado ao Ministério Público, e será juntado ao dossiê solicitado à Polícia Militar. O prazo dado pelo Controle Externo da Atividade Policial do MP encerra nesta segunda-feira, 8.
Um investigador disse que, nesses casos, obedecendo ao pedido feito pelo MP, o setor que cuida da vigilância de vias públicas por meio de câmeras deve ser acionado. “Faz-se um cerco eletrônico, juntando imagens das câmeras que monitoram os acessos públicos da cidade”, explicou. Somente a comandante-geral da PM está autorizada a comentar o assunto. Mas ela rejeita as chamadas da reportagem e todas as informações para esclarecer o caso ela deve encaminhar ao MP, inclusive o Boletim de Ocorrência assinado por um sargento que teria sido desacatado.
A informação é crucial para a investigação que apura o suposto crime de improbidade cometido pelo diretor-geral, envolvido numa ocorrência policial após ter sido flagrado sob efeito de álcool, há 10 dias.
A reportagem apurou que a região onde Henrique foi abordado, em frente ao Parte de Exposições, Segundo Distrito de Rio Branco, também é monitorada. Se o sistema não tiver falhado, seria possível observar o instante em que a SW4 é parada.
“Deve aparecer o momento da apreensão do veículo, quando ele é levado pro pátio do Dentran, e qual o comportamento do condutor”, explica o investigador.
Maciel teria se identificado, com um tom de voz alterado e gestos que o denunciavam. O B.O diz que ele teria chamado o PM de “sargento de merda” e indagou: “com quem você pensa que está falando?”
Ao menos três policiais civis foram chamados para o local. O sargento da Polícia Militar recebeu orientações superiores para “fazer o seu trabalho”. E ele o fez, muito embora paairem dúvidas sobre o não encaminhamento do condutor à Delegacia de Flagrantes.
O MP, por meio do Controle Externo da Atividade Policial, deve se manifestar administrativamente, principalmente após receber, ainda, as justificativas do Detran sobre a liberação do carro sem que tenham sido pagos mais de R$ 42 mil em licenciamento e IPVA atrasados.