O chá de lixeira, também conhecido como barbatimão-do-cerrado, é feito a partir da casca da árvore Stryphnodendron adstringens, nativa do Cerrado brasileiro. Utilizado há séculos pela medicina popular, ele é famoso pelas propriedades antissépticas, cicatrizantes e anti-inflamatórias.
A planta é tão importante para a cultura medicinal que foi incluída na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS), lista oficial do Ministério da Saúde que reúne espécies com potencial para uso em programas de fitoterapia.
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Segundo a nutricionista Alice Borges, do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista, o barbatimão é rico em taninos, flavonoides, saponinas e ácidos fenólicos. Essas substâncias explicam seus efeitos cicatrizantes, antimicrobianos e antioxidantes.
“Os taninos são potentes adstringentes, capazes de formar uma camada protetora sobre os tecidos e auxiliar na cicatrização. Eles também combatem bactérias e fungos”, explica.
O nutricionista Vagner Junior, também da Santa Casa de Bragança Paulista, ressalta que a ingestão deve ser feita com moderação. “O estudo em humanos ainda é bem básico, bem raso. A maioria foi feita in vitro. Então, se for utilizar o chá, oriento que seja por um curto período, de sete a 10 dias no máximo, em torno de uma xícara pequena por dia. Passando disso, pode haver riscos”, afirma.
Benefícios do chá de lixeira (barbatimão-do-cerrado)
- Ação cicatrizante: taninos ajudam a contrair os tecidos e acelerar a regeneração da pele.
- Efeito antimicrobiano: combate bactérias e fungos, inclusive Candida.
- Poder anti-inflamatório: reduz moléculas inflamatórias como TNF-α, IL-1β e IL-6.
- Atividade antioxidante: protege as células contra o estresse oxidativo.
- Modulação da imunidade: estimula a produção de citocinas anti-inflamatórias.
Segundo os especialistas, embora apresente propriedades relevantes, o uso prolongado ou em doses altas pode provocar efeitos tóxicos, incluindo alterações no fígado e nos rins, além de desconforto gastrointestinal. Gestantes, lactantes, crianças e pessoas com doenças crônicas não devem consumir a bebida.
“O chá não substitui terapias farmacológicas, mas pode ser um auxiliar quando bem orientado. A dose, o tempo e a forma de preparo fazem toda a diferença. Se surgirem efeitos colaterais, o consumo deve ser suspenso imediatamente”, reforça Vagner.
Além do consumo em forma de chá, o barbatimão também é bastante usado em pomadas e hidrogéis, aplicados diretamente sobre a pele para auxiliar no processo de cicatrização. Por ter ação contra fungos como a Candida, também pode ser usado nos chamados “banhos de assento”, prática antiga que sugere imersão da região perineal (genitais e ânus) em água morna, ou fria, para aliviar dores, irritações e inchaços.
O chá de lixeira ou barbatimão-do-cerrado é uma tradição cultural com respaldo científico parcial. Embora ofereça benefícios comprovados, seu uso deve ser feito com cautela, por tempo limitado e sempre sob orientação de um profissional de saúde.
Como fazer o chá de barbatimão
Ingredientes
- 1 litro de água;
- 1 colher de chá de cascas do caule do barbatimão.
Modo de preparo
Colocar a casca do barbatimão em um recipiente com água. Ferver em fogo baixo durante 10 ou 15 minutos. Depois, deixe descansar por 5 minutos. Por fim, é só coar e beber. Para banhos de assento, o preparo é o mesmo.
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Fonte: Metrópoles