Um grupo composto por cientistas de vários países se uniram para construir o primeiro mapa completo da atividade cerebral de um camundongo. Os pesquisadores do Laboratório Internacional do Cérebro (IBL) uniram esforços para fazer testes padronizados e registrar mais de meio milhão de neurônios.
Em dois estudos publicados na revista Nature, nesta quarta-feira (3), os cientistas descreveram o comportamento adaptativo que o animal precisou aprender, que envolve: atenção focada, a tomada de decisões, a ação e o aprendizado com os resultados dessas ações.
Nos testes, os camundongos ficavam na frente de a uma tela e uma luz aparecia no lado esquerdo ou direito. Ele respondia ao estímulo movendo uma pequena roda na direção apropriada para receber uma recompensa.
Em algumas das tentativas, a luz disponível era fraca e o animal precisava decidir sozinho em que direção virar o instrumento, permitindo que os pesquisadores estudassem como as expectativas anteriores influenciam a percepção e a tomada de decisões.
“A escala é sem precedentes, pois registramos dados de mais de meio milhão de neurônios em camundongos em 12 laboratórios, abrangendo 279 áreas cerebrais, que juntas representam 95% do volume cerebral do camundongo. A atividade de tomada de decisão, e em particular a recompensa, iluminou o cérebro como uma árvore de Natal”, explicou o professor Alexandre Pouget, cofundador do IBL e líder do grupo na Universidade de Genebra.
Os cientistas conseguiram identificar 621.733 neurônios de 139 camundongos que participaram dos testes, onde realizaram uma tarefa padronizada envolvendo o comportamento adaptativo.
“Tradicionalmente, a neurociência analisa as regiões cerebrais isoladamente. Registrar o cérebro inteiro significa que agora temos a oportunidade de entender como todas as peças se encaixam”, comentou o Dr. Kenneth Harris, Professor de Neurociência Quantitativa na UCL e um dos membros principais do IBL.
No futuro, a equipe planeja expandir seu foco inicial na tomada de decisões para explorar uma gama mais ampla de questões neurocientíficas.
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